Alex, de quatro anos, queixava-se de muitas dores, mastigava todo o tipo de coisas e tornou-se mal-humorado e fatigado, explicou a mãe ao site de notícias norte-americano TODAY.com. Se a criança não tomasse os medicamentos para as dores todos os dias, de acordo com a mãe, teria ataques “gigantescos”.
A mãe explicou que o comportamento do seu filho, normalmente doce, se transformou no de uma “pessoa louca e birrenta que não existia no resto do tempo”.
Em 2021, Alex aparentava ter desequilíbrios entre o lado esquerdo e o direito, sendo que arrastava o pé esquerdo quando andava, mas ninguém conseguia identificar o que estava a acontecer à criança.
Quando Courtney reparou que Alex não estava a crescer, levou-o a um pediatra, que levantou a possibilidade de a pandemia estar a afetar negativamente o seu filho.
Depois de 17 consultas ao longo de três anos, Courtney recorreu ao ChatGPT em mais uma tentativa de perceber o que se estava a passar – mostrou-lhe todos os resultados dos testes de Alex e a ferramenta de inteligência artificial concluiu que Alex tinha uma anomalia na espinal medula. Tinha razão.
A síndrome da medula presa faz com que a medula espinal se ligue anormalmente ao canal espinal, restringindo o fluxo sanguíneo à medida que a criança cresce. Provoca dormência, dor, fraqueza muscular e problemas de controlo motor.
Quando viu o “diagnóstico” do chatbot, Courtney achou que “fazia muito sentido” e juntou-se a um grupo no Facebook para famílias de crianças com a mesma síndrome, acabando por encontrar várias histórias que espelhavam as de Alex.
Numa consulta com um novo neurocirurgião, a mãe da criança explicou o diagnóstico feito pela ferramenta de inteligência ariticial e o médico confirmou que o programa estava certo. A partir daqui, foi possível identificar, com recurso a uma ressonância magnética, o local onde a coluna vertebral de Alex estava presa.
Segundo o TODAY.com, menino foi recentemente submetido a uma cirurgia para corrigir a coluna vertebral e está agora a recuperar.
Embora este seja um exemplo de sucesso, os médicos continuam a alertar para o facto de o ChatGPT poder cometer erros.
“O ChatGPT da OpenAI e outros produtos de IA (inteligência artificial) generativa atualmente têm problemas conhecidos e não estão livres de erros”, sublinha Jesse M. Ehrenfeld, presidente do principal grupo de médicos dos EUA, a American Medical Association, num comunicado ao TODAY.com.
Um estudo publicado por investigadores do Mass General Brigham, em Boston, nos Estados Unidos, concluiu que o ChatGPT fez um diagnóstico correto dos pacientes em 72% das vezes. Os médicos mais experientes têm uma taxa de acerto que ronda os 95 por cento.