Lucy Letby, de 33 anos, era enfermeira neonatal no Hospital Countess of Chester, em Cheshire, Inglaterra. Antes de entrar para a unidade neonatal desse estabelecimento, a 2 de janeiro de 2012, apenas dois dias antes do seu 22º aniversário, especializou-se em enfermagem infantil em 2011, na Universidade de Chester, e realizou estágios de formação no Liverpool Women’s Hospital, em Liverpool.
Letby aparentava ter uma vida “normal”, com uma vida social ativa e presença nas redes sociais e frequentava, até, aulas semanais de salsa. “Não há nada de extraordinário ou escandaloso nela. Era uma rapariga normal de 20 e poucos anos”, disse o inspetor Nicola Evans, da Polícia de Cheshire, em declarações aos jornalistas.
Contudo, o Serviço de Acusação da Coroa Britânica, o principal organismo público responsável pela condução de ações penais em Inglaterra e no País de Gales, alegou que havia um “lado muito mais negro da sua personalidade”. Um membro da equipa de acusação descreveu ainda a enfermeira como “desonesta, calculista e de sangue-frio”.
O início dos ataques
A enfermeira exercia funções no hospital Countess of Chester há mais de três anos, quando a taxa de mortalidade da unidade neonatal começou a aumentar em 2015. O primeiro crime cometido no estabelecimento aconteceu a 8 de junho desse ano, quando uma criança morreu menos de 90 minutos após o início do turno noturno de Letby.
A enfermeira terá utilizado vários métodos para matar ou ferir gravemente as vítimas e, entre elas (cinco meninos e duas meninas), estavam dois irmãos trigémeos, mortos com menos de 24 horas de diferença, um recém-nascido com menos de 1 quilo, mortalmente injetado com ar, e uma menina nascida 10 semanas antes do tempo, que foi assassinada depois de quatro tentativas falhadas.
Durante as buscas à casa de Letby, foram encontrados papéis escritos à mão, em que se lia “Eu sou má” e “Matei-os de propósito porque não sou suficientemente boa.”
Dados do Facebook mostram que a enfermeira pesquisava recorrentemente as contas dos pais das vítimas. Segundo o que a polícia apurou, Letby procurou 11 famílias das vítimas nas redes sociais e enviou aos pais de um dos bebés que tinha assassinado um cartão de condolências no dia do funeral da criança.
Apesar de sucessivos avisos e alertas de colegas que suspeitavam dos seus ataques desde 2015, o hospital onde Lucy trabalhava terá demorado a agir. A enfermeira só foi detida em 2018, mais de três anos depois do início da onda de assassinatos.
O veredicto
Depois de um julgamento que durou mais de nove meses, os juízes consideraram a enfermeira Lucy Letby, agora com 33 anos, culpada da morte de sete bebés e de tentativa de assassinato de outros seis. Foi condenada esta segunda-feira a prisão perpétua.