Uma pessoa acorda sonolenta. E, por norma, essa sonolência só passa depois de tomado o primeiro café do dia. Mais tarde, depois do almoço, a moleza regressa e só parece desaparecer quando se ingere nova dose de cafeína. Se for preciso energia lá mais para a tarde ainda se consegue ir buscá-la a outra chávena da bebida estimulante mais consumida no mundo.
Ditam os estudos que até três doses, a coisa tende a correr bem, embora as reações à cafeína possam divergir de pessoa para pessoa. Acima desta quantidade, a Ciência já não aprova o recurso a este tipo de droga.
Por exemplo, um estudo realizado por investigadores da Universidade de Coimbra e de Bona, na Alemanha, publicado na revista Cell Death and Disease, concluiu que dentro dessas tomas, a cafeína é protetora da retina.
Apesar dos benefícios trazidos pelos antioxidantes presentes a bebida, saberá esta pessoa – que tão bem representa a maioria dos portugueses adultos – como é que a cafeína consegue contribuir para dar uma boa sensação de energia?
É através do estômago e do intestino delgado que ela entra na corrente sanguínea e o seu efeito estimulante ocorre 15 minutos após ter sido ingerida.
Quanto uma pessoa está acordada, os neurónios disparam adenosina. Mas quando esses níveis diminuem, o corpo começa a dar sinais de que é hora de descansar e de nos prepararmos para o sono. Se nessa altura, ingerirmos cafeína, ela vai seguir o caminho dos recetores de adenosina e imitar os seus efeitos, fazendo o corpo pensar que ainda não é hora de dormir. Daí que, na realidade, não seja responsável por um aporte de energia, mas por fingir esse aporte de energia.
Porém, nem tudo é tão mau como parece neste mecanismo enganador: a cafeína, sendo um antagonista não seletivo dos recetores de adenosina, quando administrada de forma aguda e crónica possui efeitos contrários na sensibilidade à insulina – foi isto, uma importante achega para quem sofre de Diabetes, que se descobriu num trabalho de mestrado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova.