Dir-se-ia, noutro contexto, que Mohammad bin Salman poderá estar prestes “a perder a cabeça” para comprar o poderoso Manchester United, lançando-se num novo investimento multimilionário que, segundo as mais recentes estimativas, pode ultrapassar os €5 mil milhões. Neste caso, porém, os bolsos sem fundo que alimentam a aposta saudita no universo do desporto, a nível global, não se justificam conotações exageradas; simultaneamente, o facto de o crescimento do número de prisões e decapitações de opositores na Arábia Saudita ter coincidido com a subida ao poder do príncipe herdeiro – filho do Rei Salman – parece também desaconselhar essa expressão.
A confirmar-se o negócio entre os norte-americanos Glazer (donos do Manchester United desde 2005) e o fundo de investimento do Estado saudita, o PIF (Public Investment Fund), o clube recordista de títulos da Premier League entra diretamente para o topo do portefólio reunido no âmbito da “Visão 2030” de Mohammad bin Salman, um programa estratégico, publicamente apresentado em 2016, com o objetivo de diversificar a economia da Arábia Saudita, reduzindo a sua dependência da exportação de petróleo, mas que, na verdade, procura contribuir para que o país mais rico do mundo árabe consolide a posição de líder naquela região e se torne um dos principais centros políticos e financeiros do planeta – e parece não haver limites para este plano.