A Polícia Judiciária e a Polícia Federal brasileira prenderam 12 pessoas, nos aeroportos de Fortaleza e de Lisboa, apanhadas a transportar perto de 30 quilos de cocaína, em malas de viagem. Os “correios de droga” – todos nascidos ou residentes nos estados brasileiros da Bahia e do Amazonas –, com idades entre os 20 e os 30 anos, são agora suspeitos de tentarem introduzir a droga na Europa, via Portugal.
O voo da TAP entre Fortaleza e Lisboa estava agendado para as 22h40 do passado domingo, 30 de abril. A ligação entre o aeroporto de Fortaleza (Pinto Martins) e o Aeroporto Humberto Delgado teria uma duração aproximada de sete horas, mas o faro do pastor-alemão Kano, recém-adquirido pela Polícia Federal brasileira, daria o alerta, adiando a partida (em cerca de uma hora).
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Em oito malas de viagem de modelo e tamanho idênticos (apenas as cores eram diferentes), despachadas para o porão daquela aeronave, Kano detetou cerca de 23 quilos de cocaína – divididos, em partes iguais de 2,9 quilos por cada bagagem. Os oito supostos proprietários das malas foram imediatamente detidos.
O grupo de cinco mulheres e três homens foi levado para a sede da Polícia Federal no Ceará e está agora indiciado por tráfico internacional de droga. Arrisca uma pena até 25 anos de prisão.
II Capítulo: a detenção em Lisboa
À mesma hora em que decorriam estas detenções, um grupo de quatro pessoas já viajava noutro voo da TAP, que partira, às 22h50 desse mesmo dia, do aeroporto do Recife, em direção à capital portuguesa.
Alertada pela congénere brasileira, a Polícia Judiciária manteve-se atenta às chegadas ao aeroporto de Lisboa, nas horas seguintes. Quatro pessoas, também com raízes na Bahia e no Amazonas, e idades entre os 20 e os 30 anos, conseguiram embarcar – transportavam malas de viagem do já referido modelo.
Na manhã do feriado do 1.º de Maio, a PJ detetou sete quilos de cocaína escondidos nas alças, suportes e forros das malas de viagem transportadas pelos quatro indivíduos, que acabaram detidos pelas autoridades portuguesas.
Existe a noção que o tráfico [de cocaína], entre Brasil e Portugal, via avião, está a aumentar
diz, à VISÃO, Fonte da PJ
De acordo com a Polícia Federal brasileira, a cocaína pertenceria a uma organização criminosa de relevo, que pagaria a cada “correio de droga” cerca de €2.700 (15 mil reais brasileiros) pela viagem, além das despesas com o bilhete de avião, mais as deslocações e permanências em Ceará, Recife e Lisboa. O facto de os “correios de droga” viajarem em grupos alargados – ao contrário do habitual – está a ser vista como uma mudança de estratégia utilizada pelas organizações criminosas que se dedicam ao tráfico internacional de droga, entre Brasil e Portugal.
A PJ continua sem revelar publicamente esta operação. À VISÃO, fonte daquela polícia confirma que a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) “continua a acompanhar obviamente” o caso, admitindo que “existe a noção que o tráfico [de cocaína], entre Brasil e Portugal, via avião, está a aumentar”.
Os 30 quilos de cocaína poderiam valer no mercado (a grosso) entre os €800 mil e os €1,5 milhões, segundo os números apresentados no último Relatório Europeu sobre Drogas, do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência.