Quase todos vivemos em cidades. Na Europa, estima-se que mais de 70% da população seja urbana. A tendência mundial é idêntica. Esquecemos o campo, a floresta, o clima, o ciclo da água e a Natureza. Tudo isto nos chega a casa pelos ecrãs, habitualmente pelas piores razões: catástrofes naturais, incêndios ou mais uma infraestrutura, que destrói uma floresta mas que aponta para o progresso. É assim que vivemos. É assim o modo de vida da esmagadora maioria de humanos do “nosso” mundo: a louca correria do dia a dia, em que a tecnologia nos foi apresentada para nos facilitar a vida, mas que às vezes, vezes demais, tem o efeito contrário. Esquecemos muito o essencial. Somos convidados por um conjunto de soluções que nos afasta de um modo de vida sustentável. Neste contexto, andar a pé é a melhor escolha; a pé, a aliança entre o humano e o meio é perfeita: devagar, respirando e vivendo os lugares, conhecendo as pessoas que lá vivem e as suas tradições; compreender e sentir uma região, como nenhuma outra forma o consegue.
Caminhamos porque é natural; pelo prazer, pelo contacto com a Natureza, pelos momentos de convívio com os companheiros ou para nos ouvirmos. Caminhamos para descobrir e reencontrar a Natureza e a nossa própria História. Desde sempre o Homem caminhou e andou a pé, por necessidade. Andar a pé é a forma mais natural de nos deslocarmos. Atualmente, muitos milhares de pessoas, mais do que se possa supor, já experimentaram que caminhar por prazer é das experiências mais fantásticas e restauradoras do equilíbrio e bem-estar. Além do exercício físico, andar constitui-se como uma excelente forma de relaxamento e de observação do que nos rodeia e de nós próprios. Há muito que perdemos a noção do tempo e do espaço, é fundamental voltarmos a ter presentes essas dimensões. Só assim é possível vivermos melhor. Andar a pé é, sem dúvida e antes de tudo, um divertimento. O avião, os automóveis levam-nos a lugares distantes e fantásticos, mas nada nos leva a sítios tão remotos quanto belos como os nossos passos. Esta é a grande verdade. E o mais fantástico é que estes sítios estão perto, às vezes à porta de casa. O desafio deste tempo é grande, mas passa, essencialmente, por coisas simples que a todos tocam: consumir melhor e menos recursos, produzir menos desperdícios e garantir a biodiversidade. Esta é a equação da sustentabilidade. Ao andar a pé não só contribuímos, decisivamente, para um resultado positivo desta equação como compreendemos melhor o que nos rodeia.