May Pang foi uma das mulheres que mais marcou a vida de John Lennon e o novo filme “The Lost Weekend” vem provar isso mesmo. Se já se tinha sentido um pouco desta intensa paixão no livro “Instamatic Karma”, agora o documentário da história, lançado a 13 de abril, vem revelar mais pormenores: agora com 72 anos, Pang recorda o caso durou 18 meses. Lennon apelidou este período de “fim de semana perdido”, uma referência ao filme de Billy Wilder de 1945.
A jovem May Pang tinha apenas 22 anos quando Yoko Ono, a mulher de John Lennon, lhe sugeriu uma proposta: “May, preciso falar contigo. Eu e o John não estamos no nosso melhor. Decidimos e ele vai começar a namorar outras pessoas. Eu sei que és solteira e sei que não estás apaixonada pelo John, mas tu precisas de um namorado e acho que seria bom para ele”.
Naquele verão de 1973, Pang ficava apática com o que a patroa lhe tinha pedido. A jovem começou a trabalhar com apenas 19 anos na Apple Records, gravadora fundada em 1968 como uma divisão da Apple Corps, a trabalhava com os Beatles. “Como? Está louca? Não posso fazer isso! Ele é o meu chefe. É o seu marido!”, exclamou.
John Lennon e Yoko Ono tinham-se casado quatro anos antes, a 20 de março de 1969, em Gibraltar. Um ano depois, os Beatles acabaram por se separar, culpando Yoko Ono pelo sucedido. Lennon estava tão obcecado pela mulher, que insistia que fosse com ele para todos os locais, inclusive para os ensaios. A imprensa e os fãs da altura acusavam-na de ser a última gota de água, mas na verdade foi só mais um elemento de desgaste da banda. Mais tarde, em 1971, o casal deixou Londres para começar uma nova vida em Nova Yorque.
Quatro anos depois do casamento, Lennon e Yoko Ono começaram a mostrar sinais de esgotamento dentro da relação. E do desgaste das emoções, surgiu também o desgaste artístico. As inseguranças de Lennon em relação à sua carreira solo traduziram-se no aumento do consumo de álcool e num comportamento cada vez mais ciumento, obsessivo e manipulador.
Yoko Ono precisava de um tempo longe de John Lennon e é assim que surge a proposta a May. “Achei melhor dar-lhe um tempo. E eu precisava descansar. May Pang era uma mulher altamente inteligente, atraente e extremamente eficiente. Achei que seria uma boa opção”, revelou ela numa entrevista ao The Telegraph.
No documentário, Pang conta a sua versão do que aconteceu e como viveu sua primeira história de amor: “Eu recusei”, disse. “Respeitei o casamento deles. Disse: ‘Não é isso que quero fazer.’ Estava muito feliz a trabalhar para eles”. Mas Lennon foi conseguindo conquistá-a. “Eu tinha 23 anos e o meu primeiro namorado foi John Lennon”. “Eu não sabia onde isto iria me levar”, reconheceu numa entrevista à revista People . Apesar da relutância inicial, o relacionamento durou 18 meses, de 1973 a 1975, quando John Lennon e Yoko Ono voltaram a ficar juntos.
Durante esse tempo May Pang dizia-se feliz. Ia a festas, a encontros, a concertos…“ John era uma pessoa interessante. Eu realmente amei tudo e queria explorar”, lembra Pang à revista. “Ele adorava levantar-se, tomar o pequeno-almoço de manhã. Ele adorava panquecas de mirtilo, adorava nadar. Ele era apenas uma pessoa incrível que queria descobrir coisas”. Além disso, partilhavam do amor pela música, algo fundamental para Lennon.
Mas, em breve, o romance acabou. No início de 1974, Lennon estava praticamente sempre alcoolizado e as suas confusões com Harry Nilsson estavam constantemente nas primeiras páginas dos jornais. Nesta altura, Lennon estava depressivo, muito por causa de ter que assinar os últimos papéis que o ligavam aos Beatles. E Yoko Ono estava sempre presente.
Apesar de tudo, nesse mesmo ano, Yoko Ono pediu o divórcio e John Lennon aceitou. Pang conta à People que acredita que o facto de o artista querer terminar com Ono fez com que fosse apanhada de surpresa. Foi nesse momento que Ono decidiu reconquistar o marido. Pang afirma que “sabia” que as coisas tinham acabado quando Lennon viu Ono novamente. “Ele não era o mesmo quando voltou.”
O relacionamento de May Pang e John Lennon terminou oficialmente nessa altura, mas ainda assim viam-se várias vezes, durante anos. “Ele veio ver-me em segredo, disse que ainda me amava. Ele contou-me coisas muito íntimas e eu senti que ainda havia algo. A nossa não acabou”. Até ao último dia de Lennon, Pang esteve sempre presente.