A casa reflete a personalidade de quem a habita e transmite bem-estar psicológico quando garante segurança, privacidade e conforto, revela a edição de 2022 do estudo “A Vida em Casa” promovido pela IKEA. A multinacional de mobiliário sueca, que produz este estudo há nove anos, descreve as mudanças nos desejos, necessidades e exigências das pessoas quanto às suas habitações. As conclusões baseiam-se em cerca de 37 mil inquéritos realizados em 37 países dos quais Portugal fez parte.
4 em 5 inquiridos mostram-se frustrados com aspetos da sua própria casa
O relatório dá conta que 34% dos portugueses sentem que a desarrumação e a sujidade são uma fonte de frustração. Já 30% relatam o peso excessivo das tarefas domésticas e 27% estão dececionados com a ausência de um espaço exterior. Para além destes, a existência de espaços desorganizados e a posse de muitos objetos sem um local designado são fatores que impedem as pessoas de se sentir realizadas com a sua casa. Há, por isso, uma lacuna entre o que procuramos para a nossa casa e aquilo que esta nos proporciona.
Economia nacional no topo das preocupações
85% dos portugueses sentem-se apreensivos com a economia nacional, depois de um ano em que a crise gerada pela pandemia de Covid-19 foi intensificada pela invasão russa da Ucrânia. As preocupações ambientais surgem em segundo lugar, com 78% a temerem as consequências das alterações climáticas – os portugueses demonstram maior preocupação com as alterações climáticas do que a média global dos países em estudo (56 por cento). Em terceiro lugar observa-se que 71% estão preocupados com as finanças do agregado familiar. Um em cada dez participantes consideram que o aumento do custo de vida possa ter impacto em casar e ter filhos. Quase metade prevê que os seus hobbies e interesses fora de casa sejam negativamente impactados.
“Os dados revelam que as preocupações com a economia e o aumento do custo de vida, juntamente com os temas ambientais têm impacto na forma como vivemos em casa e nos nossos planos de vida”, afirma Paula Figueiredo, Home Furnishing Direction Leader da IKEA Portugal, em comunicado.
A sensação de privacidade diminui em habitações arrendadas
A perceção de privacidade foi um dos temas abordados pelo estudo. Em virtude da situação económica e dos custos da habitação, os portugueses recorrem ao aluguer para encontrar casa. Entre os que vivem em quartos alugados, apenas 23% afirmaram que a sua situação habitacional oferecia privacidade, valor que contrasta com 53% dos que possuem casa própria.
A casa é um espaço marcado pela divisão de género
A principal preocupação dos portugueses reflete-se com o cuidado do lar. Contudo, as mulheres denotam uma sobrecarga nas atividades relacionadas com as limpezas e higiene, sendo 36% mais propensas do que os homens a considerar as tarefas domésticas a principal frustração no cuidado com as suas casas.
A casa como fonte de bem-estar
A casa permanece um espaço importante para relaxar e recarregar energias, sendo um lugar onde nos sentimos livres para expressar todas as facetas da nossa personalidade, e, por isso, é crucial que nos sintamos totalmente à vontade. O inquérito revelou uma tendência clara: quando uma pessoa sente que o seu lar reflete a sua personalidade, é 1,5 vezes mais provável que se sinta confortável nele.
“A nossa relação com as nossas casas influencia a relação connosco próprios. O lar é muito mais do que um lugar físico, é o nosso santuário e safe space. É uma extensão da nossa identidade, um ambiente que tem um valor emocional. É natural que nos sintamos mais confortáveis e seguros em lugares que se assemelham a nós”, afirma Katie McCrory, chefe do estudo “A Vida em Casa” de 2022, à VISÃO.
“Continuamos a sentir-nos perfeitamente imperfeitos na nossa casa, tanto que o estudo apura que 42 por cento dos jovens já fingiram ter planos para poder ficar em casa”, conta Cátia Carvalho, Home Furnishing e Retail Manager da IKEA Portugal, à VISÃO.
No fundo, a casa é o lugar onde as pessoas se reúnem, relaxam e se dedicam aos seus passatempos. Todos se sentem em casa quando são livres de se expressarem e de serem eles próprios. É por isso que é importante que apenas 6% dos inquiridos portugueses se preocupem com o que os outros pensam sobre a sua casa.