É na zona de Al Twar, num dos edifícios que compõem um vasto complexo da polícia do Dubai, que inclui o quartel-general, o departamento de investigação criminal e até um health center, que se encontra o gabinete local da Interpol, organização internacional de cooperação entre polícias. Tal como nas restantes 180 delegações espalhadas pelos países que fazem parte da instituição policial internacional, à caixa de correio dos agentes do emirado também chegou um email com o mandado de captura internacional emitido por Angola contra Isabel dos Santos, filha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, a quem a Justiça angolana imputa crimes de peculato, fraude qualificada, participação ilegal em negócios, associação criminosa e tráfico de influências. Ao cerco montado pelas autoridades angolanas, a empresária responde com publicações no Instagram e no Twitter, assim como entrevistas e dois trunfos: a lei federal do Dubai e a cidadania russa.
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No mundo das aparências, designado por redes sociais, a antiga “princesa” de Angola, que também usa o nome de Izabel Dosovna Kukanova, devido à sua segunda nacionalidade, move-se com toda a tranquilidade pelas ruas e desfruta do que de melhor o emirado tem para oferecer. De acordo com uma fonte ligada à sua defesa, Isabel dos Santos encontra-se neste país ao abrigo de um “visto gold”, que lhe dá direito a residência entre cinco a dez anos. Uma semana antes de a emissão do mandado de captura emitido por Angola ter sido conhecida, a empresária recorreu ao Instagram, para reagir a declarações do procurador-geral (PGR) de Angola, Heldér Pitta Gróz, que afirmou ter-lhe dado “oportunidade” para se “apresentar às autoridades”, mas isso foi recusado. “Sempre estive disponível e representada pelos meus advogados. (…) Em altura alguma neguei prestar esclarecimentos e sempre estive disponível”, escreveu a empresária, talvez, por indicação dos advogados, percebendo que, perante a declaração do PGR, o próximo passo seria a emissão do mandado de captura internacional.
Lei dos Emirados Árabes Unidos dá ampla margem a Isabel dos Santos para contestar detenção e pedido de extradição feitos por Angola