A Black Friday desta sexta-feira, 25, vem mesmo a calhar. Quem não quer, um mês antes do Natal, conseguir boas oportunidades de compra, a preços mais acessíveis? A crise económica assim obriga o consumidor a fazer escolhas cada vez mais pensadas e poupadas.
Desde 28 de maio, existe um conjunto de novas regras para os saldos e as promoções, com pormenores que salvaguardam os direitos dos consumidores. Tenhamos em atenção o preço do saldo, promoção ou redução de preço: o desconto feito pelo comerciante tem de ser sobre o preço mais baixo a que o produto foi vendido nos 30 dias consecutivos anteriores, na mesma loja. Esta é uma grande diferença, pois o período de referência passou de 90 para 30 dias.
É obrigatório o produto ter a indicação do preço anterior e, se os vendedores acharem por bem, também poderá referir a percentagem de redução do preço.
Quanto aos meios de pagamento, os consumidores devem saber que os comerciantes não são obrigados a aceitar nenhum meio específico (dinheiro, cartão ou cheque), mas o que aceitarem tem de funcionar todos os dias, com ou sem saldos.
O chamado “direito ao arrependimento” em compras online, permite ao consumidor reclamar ou devolver um artigo até 14 dias úteis, mesmo que não tenha defeito.
Apesar de as promoções poderem ser feitas em qualquer altura do ano, os comerciantes só podem realizar saldos em 124 dias por ano, seguidos ou interpolados.
Desde 1 de janeiro que o direito à garantia legal de três anos dos bens móveis funciona também com os bens comprados em saldo ou promoção, podendo, se tiver defeito, pedir a reparação ou substituição do bem. E todos os produtos com defeito que estejam à venda têm de anunciar esse mesmo defeito com letreiros ou rótulos.
Esta sexta-feira, quando todas as montras de lojas e sites de marcas destaparem os seus melhores preços, é preciso estar com os sentidos alerta. “Desconfie-se de descontos acima de 50%, não existem. Muito poucas marcas podem ter 50% de margem. Automaticamente antes houve inflação do preço original”, explica Paulo Pimenta, CEO do KuantoKusta, site comparador de preços. “Não importa o desconto, importa o preço final”, salienta.
Os consumidores devem ver o histórico do preço do produto nos dias anteriores e até mesmo da concorrência, pois “mais de metade é marketing”.
Há um ano, o comparador de preços português KuantoKusta começou a colocar um “selo de oportunidade” nas verdadeiras boas compras. Ou seja, começaram a identificar de forma clara os produtos que estão com o preço mais barato dos últimos 30 dias. Uma maneira de alertar para uma manigância feita pelos comerciantes: comparar o desconto atual com um preço alto anterior, em vez de comparar com uma última promoção.
Para que os consumidores tenham ainda mais informação de modo a não caírem em contos do vigário, a KuantoKusta aumentou a frequência com que atualiza os preços. As habituais três a quatro vezes por dia, agora com as marcas cada vez mais dinâmicas, passam a ser revistas de hora a hora, porque de manhã pode estar um preço e à tarde mais barato.
É curioso saber como é que os portugueses compram, ou melhor, pesquisam o que querem comprar. Não são pesquisas genéricas, mas por objeto muito específico, com modelos, coleções e pormenores. Os portugueses sabem exatamente o que querem, as incertezas só surgem na hora de escolher eletrodomésticos. Aí começam por balizar o preço, só depois olham para a marca e para as características do equipamento.
Paulo Pimenta poderia vender estes dados do top de pesquisas às marcas, assegurando-lhes o que os consumidores nacionais procuram, mas faz questão de não o fazer: “Tentamos mostrar a fotografia do mercado e não influenciar o mercado.”
Sendo cada vez mais raro as marcas terem preços diferentes no online e na sua loja física, são os produtos de tecnologia, como consolas, smartphones topo de gama, computadores, monitores, tablets e televisores, bem como acessórios de moda, principalmente carteiras de marcas de luxo, e eletrodomésticos a encabeçarem a procura – e são também estas as áreas em que maiores falsas promoções podem existir, porque os valores de venda são maiores. Também as fraudes eletrónicas são mais apetecíveis de realizar nestas compras.
Nesta altura são criados sites falsos, com design em tudo semelhante ao original de uma marca. Ao comprar num site que é uma cópia, as pessoas estão a fornecer os seus dados pessoais e a pagar por um produto que, quase de certeza, não chegará a casa, no caso de compras online. “As pessoas são guiadas pelas emoções e pelo impulso”, constata Telmo Santos, CEO da EuPago, instituição financeira que funciona como intermediário de meios de pagamentos para pequenas empresas.
Dados pessoais como o cartão matriz do homebanking, número de telemóvel ou IBAN (número que identifica a conta bancária) nunca, mas nunca devem ser partilhados.
Com o sistema MBWay também é preciso muita atenção: se em vez de receber uma notificação para fazer o pagamento, o comerciante lhe enviar o número de telefone, não pague. “Não é normal o comerciante enviar um número para receber fundos. Isso é uma prática entre particulares”, alerta Telmo Santos.
Também se deve desconfiar quando o preço do produto é muito inferior ao preço de mercado e o vendedor é muito insistente na realização do pagamento. Atenção à configuração do website, ao seu domínio e o certificado de segurança.
Nunca se pague uma compra se se for direcionado para uma página (que pode ser falsa) da instituição bancária – é natural que esteja a ser alvo de phishing, fraude eletrónica em que ficam com os dados bancários.
Resumindo: atenção aos sites que podem ser falsos, principalmente de grandes marcas; não é normal os sites enviarem links para fazer o pagamento; ao fazer compras em redes sociais deve-se olhar primeiro para o perfil do vendedor, pode ser falso. Primeiro pesquisar e só depois comprar.