Investigadores da Universidade de Nicósia, Chipre, levaram a cabo três estudos para tentar perceber quais os traços de personalidade mais desejados e indesejados nos amigos.
Os estudos, publicados na Evolutionary Psychological Science, tiveram como objetivo “identificar as preferências de amizade, ou seja, traços que as pessoas acham desejáveis ou indesejáveis num amigo, classificá-los em categorias mais amplas e examinar a sua importância”.
A amizade é uma parte fulcral na nossa vida e funciona como um laço que nos liga à sociedade e ao mundo, variando entre culturas e épocas. É este o ponto de partida dos três estudos, ao levantar a questão sobre a razão pela qual fazemos amigos, assumindo que relações com a família podem ter limitações, levando-nos a procurar apoio em pessoas com quem temos mais afinidade e em quem confiamos.
“Assim, assegurar a assistência de indivíduos não relacionados geneticamente ou de familiares não genéticos faria uma diferença considerável nas hipóteses de sobrevivência, o que, por sua vez, favoreceria a evolução de mecanismos comportamentais que permitiriam às pessoas formar relações de cooperação e ajuda mútua”, explicam os investigadores.
A capacidade de fazer amizades pode ainda ser explorada de duas formas, de acordo com os estudos. Não só nos podemos aproximar de alguém com o objetivo de conseguir uma vida a dois (companheirismo), como também nos podemos aproximar de pessoas para avançar com os nossos objetivos pessoais, como é o caso da carreira profissional ou da influência social.
O primeiro estudo recrutou 236 pessoas da Grécia e da República do Chipre, que responderam a um questionário acerca das qualidades e defeitos que gostariam que os seus amigos tivessem e não tivessem, respetivamente. O resultado concluiu 50 traços desejáveis e 43 indesejáveis.
O segundo estudo incluiu 706 participantes de língua grega que receberam a frase “Eu gostaria que um amigo fosse…” e tinham de a completar com as palavras identificadas no primeiro estudo. Os traços mais desejáveis foram a honestidade, a ética, a disponibilidade e a agradabilidade.
Por último, o estudo três contou com uma amostra de 865 pessoas de língua grega e classificou os traços indesejáveis em três fatores mais amplos. Os traços indesejáveis que sobressaíram foram a desonestidade, a competitividade e a impaciência.
Além destas características, a preferência por amigos inteligentes, agradáveis e divertidos em detrimento daqueles que são apaixonados ou pessimistas conclui que as pessoas procuram cada vez mais uma vida social leve, com qualidade e sem problemas.