As defesas do corpo criadas por quem já esteve infetado pelo coronavírus parecem não impedir os ataques da variante Ómicron e das suas sublinhagens (BA.2, BA.4 e a BA.5). Mesmo aqueles que foram vacinados várias vezes estão vulneráveis a múltiplas infeções. Isso é o que apontam os especialistas que analisaram reinfeções já ocorridas nos Estados Unidos e na África do Sul. “O vírus vai continuar a evoluir e, provavelmente, haverá muitas pessoas a ser contaminadas por diversas vezes ao longo das suas vidas”, aponta Julliet Pulliam, epidemiologista da Universidade Stellenbosch, na África do Sul, em entrevista concedida ao The New York Times.
Este padrão de longo prazo é corroborado por Kristian Andersen, do The Scripps Research Institute, em San Diego: “Se continuarmos a lidar com a Covid-19 como fazemos agora, a maioria das pessoas será infetada pelo menos duas vezes por ano”. Como muitas infeções não são contabilizadas, é difícil dizer ao certo o número. Essa não é razão, contudo, para negligenciar a vacinação contra a Covid-19, já que a maioria das pessoas que recebeu duas ou três doses não necessitará de cuidados médicos caso seja contaminada.
Ao contrário da gripe, que costuma ter um grande surto uma vez por ano, o coronavírus parece ter um comportamento mais parecido com as constipações, que podem ocorrer durante todo o ano. Uma infeção com Ómicron produz uma resposta imunológica mais débil, que parece diminuir rapidamente, em comparação com variantes anteriores. E, embora as versões mais recentes da Ómicron estejam intimamente relacionadas, elas variam o suficiente do ponto de vista imunológico para que a infeção por uma não deixe muita proteção contra as outras — especialmente após três ou quatro meses.
Ainda assim, a maioria das pessoas reinfetadas pelas sublinhagens da Ómicron não ficará gravemente doente, já que o vírus ainda não conseguiu contornar totalmente o sistema imunológico. Resta saber o que acontecerá com outras variantes.