Com uma pontuação de 7,84 em 10, A Finlândia ficou, pela quarta vez, em 2021, no topo do ranking patrocinado pela ONU que avalia o índice de felicidade dos países. Pode discordar-se dos parâmetros utilizados no World Happiness Report, mas a verdade é que não existem outros para chegar à conclusão de onde moram as pessoas mais felizes.
Para o efeito, a empresa Gallup questiona os residentes sobre o seu próprio nível de felicidade e, depois, cruza as respostas com o Produto Interno Bruto (PIB) e com avaliações sobre o nível de solidariedade, liberdade individual e corrupção. Nesta lista, Portugal situa-se no 58º lugar.
Nem todos compreendem como pode um país gelado, com pouco mais de cinco milhões de habitantes, nada expansivos, ser apresentado tantas vezes, como o arauto da felicidade. É o caso de Abbadhia e Leandro Vieira, um casal de brasileiros radicados em Portugal há cinco anos.
E de tal forma duvidam, que vão partir à descoberta das razões, in loco. “Sabemos que os critérios são muito materiais. E até concordamos que, com uma base sólida, temos mais chances de ser felizes. Mas isso não pode ser tudo”, nota Abbadhia, com a concordância do seu marido.
Dia 10 de março, a bordo do Velvet, um autocarro de 1993 que pesa 16 toneladas, transformado numa autocaravana gigante, sairão de Lisboa rumo à Finlândia, fazendo cerca de 80 paragens, em 17 terras diferentes. Uma vez no país mais feliz do mundo, por lá ficarão dois meses (os menos frios) até terem material suficiente para um documentário de seis episódios sobre esta Hapiness Mentality Journey.
A poucos dias de saírem para o terreno, já têm uma certeza: “O segredo da felicidade é individual.” Eis a convicção de Abbadhia e Leando, cariocas, que só são felizes com sol, praia e futebol.
O projeto já começou, com um pequeno desvio à Suécia, de avião. É de lá que vêm agora, depois de uma experiência divertida com a neve, 15 dias antes da partida, seguros de que a língua de Camões pode simbolizar a forma de expressão mais adequada da felicidade. Isso mesmo lhes ensinou o primeio entrevistado: um professor suíço, casado com uma brasileira, que confessou que é quando se expressa nessa língua que se sente mais feliz. Daí ter-lhes surgido a ideia de todo documentário ser falado em português.
O casal, que tirou a carta de pesados há poucas semanas, tem como desafio principal investigar as causas para a felicidade das pessoas, dentro e fora do ambiente de trabalho, por toda a Europa.
A série documental terá também elementos de ficção e, no início de cada episódio, irá contar com entrevistas no formato vox populi. Cada episódio, de 25 minutos, abordará um tema diferente: educação, mercado de trabalho, saúde e genética, poder aquisitivo, segurança, cultura e comportamento.
Para tocar nestes temas centrais, Abbadhia e Leandro entrevistarão algumas pessoas ao longo do percurso até à Finlândia, procurando chegar a idosos, estudantes, profissionais liberais, gestores de empresas e jovens em início de carreira. Para os seguirmos de perto, haverá atualizações constantes no canal de Youtube, no Instagram e no Facebook.
Quem são os condutores?
O casal vai estar sozinho nesta aventura de quatro meses, a garantir que todas as questões técnicas são bem resolvidas. Viverão 24 sobre 24 horas, sobre rodas, num espaço de 24 metros quadrados. No Brasil, haverá uma produtora que trata da logística e da comercialização do documentário, que só estará pronto no verão de 2023.
Abbadhia Vieira é atriz, humorista e cineasta, e especializou-se no mercado corporativo, onde apresenta soluções lúdicas para melhorar o bem-estar e felicidade no trabalho. Neste novo projeto, irá criar guiões e experiências para os espectadores, através de ferramentas de linguagem cinematográfica e de humor.
Leandro Vieira é fotógrafo e designer de projetos, desde sempre ligado às artes. Será ele o responsável técnico e de planeamento logístico, utilizando a sua experiência como gestor de projetos na área de IT. Terá sempre em mente os desafios da iluminação e dos lugares de filmagem.