Desde que John Major deixou o governo britânico, após ter substituído Margareth Thatcher em novembro de 1990, que nenhum político do Partido Conservador conseguiu, até agora, terminar o seu mandato como primeiro-ministro. E a avaliar pelo caso Party Gate, Boris Johnson poderá ser o terceiro líder conservador a pedir a demissão antes do final da legislatura. Primeiro foi David Cameron, que se demitiu logo após o referendo do Brexit, por ser contra a saída do Reino Unido da União Europeia. Mais tarde foi a vez de Theresa May, por não ter conseguido negociar com Bruxelas os termos da saída. Agora é a vez de Boris Jonhson se encontrar na corda bamba enfrentando a opinião pública, a oposição e até alguns membros do seu partido, que exigem a sua demissão. Enquanto obrigava as pessoas a ficarem isoladas em casa durante os piores períodos da pandemia, Boris Jonhson frequentava festas, regadas com muito álcool, com o seu pessoal e os respetivos familiares na sua residência oficial, o número 10 de Downing Street.
A primeira destas festas aconteceu a 15 de maio de 2020, logo após o primeiro-ministro britânico ter comunicado ao país que iriam começar a ser dados “os primeiros passos cautelosos” para sair do confinamento, iniciado em março. Nessa altura, a lei previa que os cidadãos não podiam sair de casa sem uma desculpa razoável, e apenas poderiam juntar-se a outra pessoa que não pertencesse ao agregado familiar para fins de prática de exercício físico na rua. Cinco dias depois, cerca de 100 pessoas foram convidadas por email por Martin Reynolds, o secretário privado de Boris Jonhson, para “uns copos sociais no jardim do número 10”. Segundo uma testemunha, em declarações à BBC, o primeiro-ministro e a sua mulher estavam entre as cerca de 30 pessoas que resolveram aparecer na festa.