Os emojis fazem parte do dia-a-dia ajudam a expressar emoções de forma fácil e rápida. Mas serão apropriados para todas as ocasiões? Ou talvez seja melhor pensar duas vezes antes de enviar um emoji a piscar o olho ou a revirar os olhos a um colega de trabalho, especialmente se for um superior? A conclusão de um estudo que analisou as interpretações de emojis baseadas no género aponta mais para a segunda conclusão.
A investigação, publicada na revista científica Computers in Human Behavior e que envolveu quase 300 estudantes universitários com idades entre os 17 e os 35 anos, teve em conta a apresentação aos voluntários de 70 emojis faciais diferentes – que retratam uma série de emoções, desde positivas, a negativas, neutras ou ambíguas -, sendo que lhes foi pedido que classificassem os emojis como positivos ou negativos.
Os resultados mostraram que, frequentemente, as mulheres interpretaram os emojis de maneira mais negativa do que os homens. Os investigadores justificam esta conclusão com o chamado “preconceito de negatividade emocional”(emotional negativity bias, em inglês), um princípio que significa que as pessoas são mais sensíveis às emoções faciais negativas do que às positivas, e estudos anteriores já demonstraram que as mulheres têm um preconceito de negatividade emocional maior do que os homens. Foi este princípio que levou Lara Jones, professora de psicologia na Wayne State University, em Detroit, Michigan, nos EUA, a investigar as perceções e reações das pessoas aos emojis.
“Um bom exemplo disso é o emoji pensativo”, diz Jones. “Os homens veem-no como ligeiramente positivo, as mulheres como ligeiramente negativo”. Outros emojis que originaram respostas diferentes de acordo com o género foram o emoji de uma cara surpreendida com as sobrancelhas levantadas, uma cara neutra com uma linha horizontal no lugar da boca, e uma cara a revirar os olhos. Em todos estes casos, os emojis foram interpretados de forma mais negativa pelas mulheres do que pelos homens.
Apesar de haver alguns emojis que as mulheres interpretaram de forma mais positiva do que os homens – uma cara sorridente ou uma cara com óculos – não houve nenhum emoji a que as mulheres reagissem de maneira ambígua ou negativa e os homens reagissem de maneira mais negativa.
Mas apesar de as mulheres terem registado um maior uso de emojis e maior familiaridade com eles, os homens reportaram utilizá-los cerca de 30% do tempo em interações relacionadas com o trabalho, enquanto as mulheres reportaram, em média, 24%.
A conclusão do estudo é que, na maioria dos casos, os emojis devem ser reservados para as comunicações mais informais com amigos ou família, embora possa haver algumas exceções. É importante, acima de tudo, refletir sobre se a mensagem que queremos passar vai ser bem interpretada, uma vez que os emojis, apesar de representarem emoções universais, podem estar abertos a interpretações diferentes consoante a idade, género e experiências pessoais de cada um.
Mas os emojis também podem ser extremamente úteis para invocar emoções complexas de forma rápida e simples, bem como dar um tom mais leve ao discurso, especialmente para equipas que trabalham de forma remota, onde é mais difícil comunicar com a mesma familiaridade que se tem no convívio ao vivo. Mesmo assim, Jones aconselha evitar o uso destes bonecos amarelos em mensagens para superiores, especialmente se tiver começado um novo emprego há pouco tempo.