Não acredite em tudo o que lê, investigue.” Um lema útil em fases de desorientação, que têm sido o prato do dia desde que o SARS-CoV-2 entrou nas nossas vidas. Entre as mensagens desacreditadas pela Ciência que circulam nas redes sociais, nem todas pertencem aos negacionistas de extrema-direita ou aos adeptos das teorias da conspiração. Algumas fake news são propagadas entre o movimento “wellness” e os seus influenciadores têm “culpas no cartório”. Vejam-se estes exemplos sem fundamento: um sistema imunitário robusto resiste ao novo coronavírus; uma alimentação isenta de aditivos e com probióticos impede a infeção; a vacina tem efeitos tóxicos e é uma experiência global que interessa a farmacêuticas e a políticos apostados em manipular cidadãos. Quando veio à tona que havia financiadores a pagar a influenciadores na área da saúde e do bem-estar para dizerem mal da vacina contra a Covid-19, surgiu a inevitável pergunta: o mundo do bem-estar e o ceticismo vacinal caminham juntos?
Confrontados com a polémica, os gigantes tecnológicos apertaram as regras nas plataformas digitais, removendo conteúdos e grupos que propagassem desinformação. O tema mereceu a atenção do Washington Post, que analisou os argumentos de figuras influentes no universo do bem-estar avessas à vacinação. Conclusão: as suas alegações alinhavam-se com os resultados de um estudo do Instituto de Dados, Democracia e Política, da Universidade George Washington – havia uma correlação entre a partilha de links com mensagens contra a vacina e os grupos de bem-estar no Facebook, mas não entre grupos de saúde pró-vacina e comunidades de bem-estar. Nem todos os famosos neste campo serão antivacinas, mas o fenómeno existe.