A Confederação do NHS (National Health Service), que representa organizações do sistema nacional de saúde britânico, apelou esta quarta-feira ao governo de Boris Johnson para ativar o plano B de combate à pandemia da Covid-19. Este plano de contingência, previsto para um cenário de pressão insustentável sobre o SNS britânico, contempla medidas como o uso obrigatório de máscara em espaços fechados e, sempre que houver aglomerados de pessoas, também ao ar livre, trabalhar a partir de casa quando houver essa possibilidade ou a introdução do certificado de vacinação em certas circunstâncias. Um regresso ao passado, portanto – ou um passo atrás que o governo não quer dar, pelo menos para já.
“O serviço de saúde está mesmo no limite”, afirmou o líder da Confederação do NHS, Matthew Taylor, à Rádio 4 da BBC, convicto de que, se não forem implementadas restrições mais duras no imediato, o país irá “tropeçar numa crise, apesar das evidências” que neste momento já a fazem antever.
O apelo da Confederação do NHS surge depois de Downing Street ter descartado a possibilidade de recuar no processo de desconfinamento, perante o aumento do número de infeções e hospitalizações no Reino Unido, nos últimos dias. O governo insiste que o plano A precisa de mais tempo para fazer efeito no controlo da pandemia. A estratégia consiste em administrar doses de reforço das vacinas a cerca de 30 milhões de britânicos e a primeira dose a adolescentes saudáveis entre os 12 e os 17 anos, além de recomendar do uso de máscara em locais com muita gente.
Há uma semana que as novas infeções se mantêm acima das 40 mil por dia, com mais de 43 mil registadas nesta terça-feira, 19. As hospitalizações também subiram 10% na última semana, enquanto o número de mortes atingiu ontem um novo máximo desde março, com um total de 223.
De acordo com a BBC, quase cinco milhões de britânicos já receberam a segunda dose da vacina há mais de seis meses e ainda aguardam pela dose de reforço. Os estudos indicam que, ao fim de meio ano, o grau de imunidade gerado pela vacinação diminui, sobretudo nas pessoas que tomaram a vacina da Pfizer/BioNTech. Aqui poderá residir um dos motivos para o aumento do número de casos. Outro poderá estar relacionado com uma nova variante identificada no Reino Unido, embora o governo de Boris Johnson tenha tranquilizado a população ao declarar que não há evidência de que apresente mutações com maior transmissibilidade do vírus.