O hangar da ANPC sito em Ponte de Sor, onde se encontra localizada a frota de helicópteros Kamov, propriedade do Estado português, foi ontem, interditado pela ANPC, em virtude de se ter constatado a movimentação de material da mencionada frota, por parte da Heliavionics, sem ter sido efetuada a identificação do referido material, nem ter sido solicitada a necessária autorização.” Com este comunicado da Proteção Civil, emitido na noite de 28 de março de 2018, parecia ter-se encontrado um desfecho para a atribulada vida dos seis helicópteros pesados do Estado, desde que começaram a chegar a solo nacional, uma década antes. Porém, apesar de estarem selados num hangar em Ponte de Sor, várias peças dos Kamov apareceram de forma suspeita na Rússia, num dos reparadores que integram a rede oficial do fabricante daquelas aeronaves. Terão ali chegado nas mãos de técnicos que fariam cá a manutenção destes helicópteros e, finda a reparação, rumariam à posse de chineses. A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou duas investigações, a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, que visam apurar quem tirou o quê de Ponte de Sor.
A origem de tais componentes foi detetada no número de série de uma caixa de transmissão, que pertencerá ao Kamov identificado como HMP, levando a JSC Russian Helicopters a confrontar, há um ano, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) se sabia que tal material português tinha ali sido depositado para conserto. Nos emails do fabricante russo enviados à ANEPC, a que a VISÃO teve acesso, sinaliza-se que as peças terão sido entregues pelo cidadão ucraniano, proprietário da empresa Heliavionics Lab, sediada em Portugal e que durante anos esteve subcontratada para assegurar a manutenção das aeronaves do Estado. Mais: a indicação que terá sido dada ao reparador é que o levantamento das peças consertadas iria ficar a cargo de uma empresa chinesa – que ainda chegou a contactar os russos, assegurando que havia comprado aquele equipamento.
Comprados à Rússia, em 2006, o percurso dos Kamov tem sido atribulado, com incidentes, falta de seguros e queda do líder da Proteção Civil à mistura