Um grupo de astrónomos da Universidade de Cambridge identificou um conjunto de exoplanetas que podem ser sinal de vida além do sistema solar, detetada até aos próximos três anos, preveem os cientistas, com a ajuda do telescópio espacial James Webb, que será lançado em novembro.
A equipa estudou um “mini neptuno” específico, conhecido por K2-18b, com mais do dobro do raio da Terra e mais de oito vezes a sua massa. Esta nova classe de planetas habitáveis identificada, os planetas hycean, como foram denominados pela equipa, são quentes (podem ter temperaturas atmosféricas médias de quase 200°C), estão cobertos por água (esta camada é responsável por até 90% da massa do planeta), têm uma atmosfera rica em hidrogénio e um núcleo rochoso que representa, pelo menos, 10% da massa do planeta. Os cientistas acreditam que haja muitos planetas com estas características.
Citado pelo The Guardian, Nikku Madhusudhan, principal autor da pesquisa cujos resultados foram reportados no The Astrophysical Journal, afirmou que estudar este tipo de planetas pode ser um passo muito importante no sentido de encontrar vida fora da Terra e acrescentou que estes planetas, que são muito maiores do que os do tamanho da Terra, são mais fáceis de identificar, assim como às suas atmosferas, o que torna torna a investigação de bioassinaturas fora do Sistema Solar ainda mais interessante.
De acordo com a equipa, qualquer potencial forma de vida em planetas desta classe será aquática, já que os hycean são, por definição, cobertos por uma camada de água. O que não se sabe é que tipo de forma de vida possa existir neste tipo de planetas. “No mínimo, a vida microbiana deve ser possível”, referiu Madhusudhan.
Até agora, os cientistas focaram-se, principalmente, na procura de planetas com tamanho, massa, temperatura e composição atmosférica semelhantes aos da Terra, tendo já sido descobertos milhares de planetas fora do Sistema Solar desde que o primeiro exoplaneta foi identificado, há quase 30 anos. Esta nova investigação mostra que faz sentido tentar encontrar formas de vida em planetas não semelhantes ao nosso. Contudo, há ainda um longo trabalho pela frente, também porque não tendo a Terra como comparação, será ainda mais complicado encontrar bioassinaturas nesse tipo de planetas.