Os planetas recém-descobertos são considerados exoplanetas, porque não fazem parte do Sistema Solar, mas orbitam outras estrelas. Neste caso, a estrela HD 152843 que tem uma massa semelhante ao nosso Sol, mas é 1,5 vezes maior e mais brilhante.
Designados por planeta HD 152843 b e HD 152843 c são extremamente difíceis de ver diretamente, mesmo com os maiores telescópios, e caracterizam-se pelas temperaturas muito elevadas e um ambiente gasoso que não suporta a existência de vida.
O planeta b tem um tamanho comparável ao de Neptuno, sendo cerca de 3,4 vezes maior que a Terra e leva 12 dias terrestres a completar uma órbita ao redor da sua estrela. O planeta c é 5,8 vezes maior que o nosso, o que o torna um “sub-Saturno” e tem uma órbita entre 19 e 35 dias terrestres.
A descoberta foi publicada na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, no início de junho e conta com um vasto número de autores, na sua grande maioria astrónomos amadores.
O projeto Planet Hunters TESS permite aos mais de 29 mil voluntários aceder aos dados captados pelo satélite da NASA TESS – Transiting Exoplanet Survey Satellite, lançado em 2018, e ajudar os astrónomos a descobrir novos exoplanetas.
Os cidadãos examinam gráficos que mostram o brilho de diferentes estrelas ao longo do tempo. Quando é observado um decréscimo no brilho da estrela e, em seguida, uma oscilação ascendente para o nível original (fenómeno designado de curvas de luz), isso pode significar que foi detetado um planeta a cruzar a órbita da estrela hospedeira (fenómeno designado de trânsito), que bloqueia temporariamente parte da luz emitida. Assim, se várias pessoas reportarem as mesmas curvas de luz é gerado um algoritmo que será analisado pelos cientistas e há um melhor aproveitamento dos dados, pois por vezes os computadores não são capazes de identificar corretamente os planetas, por ser fácil confundir outros fenómenos com planetas.
Para confirmar se os sinais de um trânsito vêm mesmo de um planeta e não de alguma estrela, asteroide ou do próprio movimento do satélite, os cientistas usam o método da velocidade radial, que regista a oscilação da luz das estrelas enquanto os planetas as orbitam, através do Extreme Precision Spectrometer no Lowell Observatory no Arizona, Estados Unidos da América ou o Planet Searcher de velocidade radial de alta precisão para o hemisfério norte, no Telescopio Nazionale Galileo em La Palma, Espanha.
A investigação deste tipo de sistema multiplanetário é essencial para fornecer mais informações sobre a variedade de planetas que podem ser encontrados fora do nosso sistema solar, como se formam e evoluem. De acordo com uma publicação da Zooniverse, plataforma responsável pelo projeto da NASA, os dois planetas devem ter-se formado a partir do mesmo material e ao mesmo tempo, mas evoluíram de forma diferente.
No próximo mês de outubro irá realizar-se uma observação dos planetas através do Telescópio Espacial James Webb, com o intuito de se determinar a massa dos planetas e a existência de atmosfera. Caso se comprove essa existência será, também, analisada a sua composição.