Uma manada de 15 elefantes tem vindo a deslocar-se ao longo da China numa viagem que já conta com 500km, numa jornada que começou em 2020 e que já é a mais longa registada por este animal no país. Os elefantes têm-se dirigindo para norte, ao longo da província de Yunnan, no sudoeste da China e têm despertado a atenção das redes sociais, mas agora tornaram-se motivo de preocupação ao aproximarem-se de uma das maiores cidades da região.
No Twitter vários são os vídeos partilhados por páginas pessoais, agências noticiosas e jornais. Mas, é no Weibo, a plataforma chinesa similar ao Twitter, que o assunto mais tem dado de falar, com o #WhyElephantsTrekkingNorth contando desde quarta-feira,2, com mais de 16 milhões visualizações. Estes foram, também, seguidos de perto pela televisão estatal, que passou dias a documentá-los, e por uma task-force das autoridades, composta por 360 pessoas, 76 carros e nove drones.
A curiosidade depressa se tornou uma preocupação, quando na terça-feira, 1, os elefantes já se encontravam a 30km da capital da região, Kumming, que tem cerca de 7 milhões de habitantes. Outras zonas populacionais também tiveram a visita da manada, como um stand de automóveis ou mesmo um lar de idosos que, como noticia o Jimu News, teve os elefantes a pôr as trombas pelas janelas do edifício assustando os seus residentes.
As autoridades começaram a tomar medidas para afastar os mamíferos da cidade e de outras zonas populacionais. Foi necessário bloquear o tráfego nas estradas, para que não passassem, colocar barreiras e usar comida como possível isco, para tentar mudar a sua direção. Segundo a Beijing News, uma cidade na sua rota, Yuxi, chegou a posicionar centenas de camiões para os impedir de passar. Os motoristas dos veículos ficaram dias dentro destes, dormindo e comendo no local.
Apesar dos esforços, as últimas noticias, avançadas pela Xinhua News Agency, dão conta que, na noite de quarta-feira, 2, a manada já se encontrava no distrito de Jinning, bastante próximo de Kumming. O governador deste distrito semirrural comunicou aos residentes que não deveriam deixar milho ou outras comidas na rua, uma vez que podia atrair os animais, e que fosse evitado o contacto com os mesmos. É também proibido cercar, ficar “boquiaberto” ou perturbar os elefantes com fogo de artifício ou outros materiais, pode ler-se no aviso emitido.
A jornada destes mamíferos começou ainda em 2020, quando 16 elefantes saíram de uma reserva natural numa montanha a sudoeste da China. Atualmente são 15 animais, uma vez que dois terão voltado para casa, e um novo bebé terá nascido, são agora seis fêmeas e três machos adultos, três jovens e três crias de elefante-asiático.
Ao longo do seu percurso os elefantes têm deixado um rasto de destruição, desde celeiros a plantações de milho completamente devoradas. Segundo a emissora estatal, CCTV, os danos podem ser estimados em 6,8 milhões yauns (cerca de 87 mil euros). Os meios de comunicação internacionais afirmam que esta não é a primeira vez que elefantes vagueiam pelas vilas e prejudicam as colheitas. No entanto, Chen Mingyong, especialista em elefantes asiáticos, afirma à Xinhua News Agency, que esta é a mais longa distância percorrida por elefantes selvagens registada na China.
As razões pelas quais os animais terão deixado a reserva são desconhecidas. Mingyong explica que o motivo pode dever-se à “falta de experiência” do líder da manada que os poderá ter desencaminhado. Já outros especialistas acreditam que se deve à perda de habitats, nesta que é uma espécie em vias de extinção, com apenas cerca de 300 animais. Li Zhongyuan, um oficial florestal de Xishuangbanna, diz, ao Global Times, que a dieta tradicional do elefante se tinha esgotado no seu habitat, daí procurar plantações de milho ou cana-de-açúcar.