Será que Maria Valentina morreu vitimada por um ataque que sofreu de uma enorme ratazana? Prostituta e viciada em drogas duras, a jovem, 22 anos, podia estar pedrada e vulnerável no barracão de armazenamento de produtos químicos, perto do Pingo Doce da Póvoa de Santo Adrião, em Odivelas, onde foi encontrada morta, a 31 de julho de 1992.
Havia um orifício no abdómen de Maria Valentina e escoriações no corpo que podiam ter sido provocados pelo animal, um “roedor de grande volumetria” e de garras afiadas. À primeira vista, tal ataque explicava que 2,40 metros de intestino estivessem fora do corpo de Tina, como era conhecida, e que todo o cólon, que mede cerca de 1,5 m, tivesse desaparecido. Não existia história anterior de casos idênticos na Secção de Homicídios da Polícia Judiciária (PJ) de Lisboa, pelo que a hipótese da ratazana assassina “foi colocada muito a sério”, porque “fazia sentido”, embora a autópsia viesse a referir “sinais gerais de asfixia”, o que, ainda assim, não eliminava aquela possibilidade. Esta é a primeira surpresa com que deparamos numa revisitação, 29 anos depois, do caso do estripador de Lisboa, através de testemunhos de investigadores que participaram nas averiguações. O serial killer assassinou e esventrou mais duas prostitutas (a última em março de 1993), e desapareceu sem deixar rasto. Em 2008, passados 15 anos, os crimes prescreveram.