Os cães podem ser melhores a detetar o SARS-CoV-2 nos humanos do que a maioria dos testes rápidos para a Covid-19. Um estudo realizado em França concluiu que este animais têm uma eficácia de 97% a fazê-lo, aumentando a crença de que possam ser usados, no futuro, para fazer o controlo da doença em locais onde se juntem multidões, como aeroportos, concertos ou transportes públicos.
O estudo fez uma comparação entre dois testes para a Covid-19: os RT-PCR, considerados os testes de referência e com maior fiabilidade, feitos com a zaragatoa no nariz/garganta, e o olfato dos cães. Assim, os voluntários, que tivessem um teste positivo “doavam” o seu suor em compressas de algodão para, “às cegas”, serem identificado pelos cães. Nem os investigadores sabiam quais as amostras positivas, nem os cães tiveram qualquer contacto com os voluntários. O seu olfato mostrou-se não só 97% eficaz a identificar os casos positivos, mas também 91% a reconhecer as amostras negativas.
Para a realização dos testes, participaram 335 voluntários, com idades entre os 6 e 76 anos, nove cães treinados e bombeiros de França e dos Emirados Árabes Unidos, tendo sido feitos entre março e abril e realizados pela Escola Nacional Veterinária de Alfort (EnvA) e pela unidade de investigação clínica dos hospitais universitários Necker e Cochin, que pertencem à instituição de Hospitais de Assistência Pública de Paris (AP-HP, na sigla original).
“Estes resultados são a prova científica de que os cães são capazes de detetar a assinatura olfativa da Covid-19”, refere a AP-HP, citada pelo jornal francês France Bleu. O estudo, que será brevemente publicado numa revista científica, é o primeiro deste tipo a ser realizado a nível internacional, defende a AP-HP.
“São resultados excelentes quando comparados com os obtidos nos testes de referência. Contudo, os testes com os cães não têm a intenção de substituí-los, mas sim direcionar as pessoas que deveriam realizar um teste virológico e facilitar a triagem em massa, devido à rápida resposta dos cães”, garantiu Jean-Marc Tréluyer, professor e investigador do hospital Necker, à Agence France-Press.
A eficácia do olfato canino na deteção de casos positivos de Covid-19 parece ser, de facto, superior à que é garantida através dos testes rápidos. Segundo 64 estudos recentes, estes tiveram uma média de 72% de eficácia a detetar a Covid-19 em pessoas que demostrassem sintomas e, nos assintomáticos, apenas 58%. Os testes rápidos mais seguros, os moleculares e operados por técnicos especializados, chegam a uma eficácia de 95%.