Vários são os estudos que ao longo dos anos deram como provados os benefícios de um copo de vinho. Agora, um estudo realizado pela Universidade de Oxford conluiu que todo o consumo de álcool é prejudicial para o cérebro. A investigação contou com mais de 25 mil participantes do Reino Unido e analisou o impacto que as bebidas têm na massa cinzenta, parte do sistema nervoso central relacionada com a cognição e processamento da informação.
“Não há um limite em que beber se torne mau – todo o álcool o é. Quase todo o cérebro parece ser afetado – não apenas áreas específicas como se pensava anteriormente”, diz Anya Topiwala, autora principal do estudo.
Mas, se qualquer que seja a quantidade de álcool ingerido já tem um impacto negativo, quanto maior for, mais significativos serão os danos. O volume da massa cinzenta do cérebro vai diminuindo com fatores biológicos como a idade ou doenças como a demência. O estudo mostra que também o álcool tem impacto nessa redução, mesmo que não seja tão significativo como o dos processos naturais.
“Enquanto o álcool apenas faz uma pequena contribuição para isto [a redução do volume da massa cinzenta] (0.8%), é uma contribuição maior que outros “fatores de risco” modificáveis, aqueles que são passíveis de serem alterados, ao contrário do envelhecimento. Enquanto ainda não temos uma “cura” para doenças neurodegenerativas, como a demência, é importante para a saúde pública saber os fatores que podem evitar danos no cérebro”, explicou a investigadora à CNN. Se 0.8% parece um valor baixo, é importante ter em consideração que este é quatro vezes superior a outros “fatores de risco” modificáveis como o tabaco ou o índice de massa corporal (IMC).
Os investigadores sublinham ainda que o tipo de bebida consumida não tem influência nos danos causados.
O artigo, que ainda não foi revisto pelos pares, usou o biobanco, um repositório de amostras biológicas para uso científico, com uma amostra de 25,378 pessoas, analisando a sua idade, sexo, nível de ensino, consumo de álcool reportado, tamanho do cérebro e saúde através de exames TAC (Tomografia Axial Computorizada), informações médicas e testes de memória.
Este não é, no entanto, o primeiro estudo que afirma que nenhuma quantidade de álcool é segura. Também em 2018, um estudo publicado na Lancet, que resultou do trabalho de 512 investigadores de um total de 243 instituições, chegou à conclusão que pode influenciar em doenças como cancro da mama, cancro da laringe, AVC, cirrose, tuberculose, entre outras.
Estes estudos podem ser uma má noticia para os portugueses. Segundo os dados publicados na quarta-feira, 19, são consumidos anualmente, em média, 12 litros de álcool, fazendo de Portugal um dos países com o valor mais elevado da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).