Vários corpos têm vindo a ser encontrados, nos últimos dias, nas margens do rio Ganges, no norte da India. Não se sabe o número exato, mas a imprensa internacional avança entre 30 a 70 corpos, havendo ainda quem relate que possam já ultrapassar os 100 cadáveres. Pensa-se que estes sejam de vítimas de Covid-19 e que tenham sido deitados ao rio devido ao aumento dos preços das cremações.
O impacto da segunda vaga do vírus na Índia tem sido devastador, levando o serviço de saúde a colapsar e elevando para mais de 250 mil o número total de mortos desde o início da pandemia. Nas áreas rurais, este impacto tem sido mais dramático – além dos parcos recursos, é mais difícil de rastrear as infeções. Doentes e mortes não são totalmente contabilizados, levando os médicos a acreditar que muitos acabam deitados ao rio. Também o aumento do preço das cremações e da madeira, devido à elevada procura, leva as autoridades a acreditar que estas são as razões para aparecerem tantos corpos no rio Ganges, entre os Estados de Bihar e Uttar Pradesh, onde o vírus tem provocado mais infeções.
As primeiras noticias que davam conta dos cadáveres datam de segunda-feira, 10, tendo estes sido encontrados em Chausa, uma vila à beira-rio no Bihar. No entanto, a BBC avança que os corpos já apareciam há vários dias, referindo que os habitantes locais já se teriam queixado do cheiro, mas que as autoridades só começaram a agir depois do aparecimento das primeiras notícias.
“Nunca vi tantos corpos”, afirmou o médico Arun Kumar Srivastava, ao The New York Times, relatando que, nos últimos dias, tem visto várias pessoas a transportar cadáveres, muitas vezes aos ombros. Shri Singh, Magistrado Distrital de Ghazipur, disse à NDTV que tinha sido lançada uma investigação para apurar como teriam os corpos ido parar ao rio. “Temos a informação, o nosso gabinete está no local e uma investigação está a caminho. Estamos a tentar descobrir de onde vieram”, afirmou.
A variante indiana já é considerada pela Organização Mundial de Saúde como uma “preocupação e interesse global”. Os elevados números de óbitos têm levado a que os crematórios aumentassem os preços para cinco a 10 vezes superior ao habitual. Também o preço da madeira tem tido uma subida significativa para valores superiores ao que muitas famílias conseguem pagar.
Esta não é a primeira vez que aparecem corpos no rio Ganges durante uma pandemia. O mesmo verificou-se na pandemia da gripe espanhola, em 1918, em que vários cadáveres apareceram nas margens do rio, devido também devido à escassez de recursos para que fossem cremados.