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“Toda a gente fala inglês comigo e eu não aprendo a língua portuguesa”, queixa-se Deborah Harris, sem conseguir disfarçar o sorriso. “Percebo melhor do que falo”, arrisca dizer num ritmo pausado. Já está habituada a que as pessoas fiquem chocadas quando descobrem que trocou Nova Iorque por Lisboa, há quase três anos. Sabe que muitos compatriotas vieram para Portugal por motivações políticas, depois da eleição de Donald Trump, mas não foi esse o seu caso: “Eu apaixonei-me.”
Deborah Harris é apenas uma das quase cinco mil pessoas de nacionalidade norte-americana que vivem atualmente no País. Desde 2015, o número de beneficiários de autorizações de residência, vindos dos Estados Unidos da América (EUA), quase duplicou. No ano passado, já em plena pandemia, 1 115 atravessaram o Atlântico, trocando o sonho americano pelo portuguese dream.
A aparência jovial torna impossível adivinhar que a nova-iorquina tem 67 anos. Além disso, soma mais de três décadas de experiência no mundo da arte. Foi diretora-adjunta de uma das mais prestigiadas feiras internacionais, The Armory Show, realizada na Big Apple. E é habitué das mostras de arte mais vibrantes do planeta. “Sempre pensei que, se viesse para a Europa, iria para Paris ou Roma, porque são mercados fortes e eu falo francês e italiano”, reflete. Até que, há meia dúzia de anos, visitou Portugal pela primeira vez. “As pessoas, a comida, a costa… Tudo era maravilhoso e senti que, um dia, gostaria de passar algum tempo aqui”, recorda. Em 2017, Deborah Harris viveu “uma espécie de episódio Me Too”, em que acusou o diretor-executivo da The Armory Show de comportamento impróprio, acabando por abandonar o seu cargo. “Vivi 40 anos em Nova Iorque, casei-me, tive dois filhos e, agora, estava sozinha e podia fazer o que quisesse”, resume. “Aos 64 anos, vi-me diante de uma página em branco”, que começou a ser escrita em Lisboa.
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