Está a acontecer de forma cada vez mais rápida, avisa um novo estudo conduzido pelo Observatório da Universidade de Leiden. A prova surgiu no ano passado, quando o supertelescópio do Observatório Europeu do Sul captou sinais do nascimento de um planeta a 520 anos-luz. Desde então, a sua origem tem vindo a ser analisada.
A estrela-mãe desse astro em desenvolvimento foi depois encontrada na galáxia Auriga. Trata-se de uma constelação muito recente do Hemisfério Norte, com apenas 5 milhões de anos. E isso indica que aquela estrela é muito mais jovem do que o nosso sol, que conta com 4,5 mil milhões. Já as espirais ao redor da estrela foram encontradas pela primeira vez há 5 anos, através do Observatório Atacama Large Milimeter Array, no Chile.
Os novos dados agora recolhidos pelos cientistas holandeses, e divulgados pela revista Science, apontam assim para a solução para um problema com que os astrónomos se debatem há algum tempo. Ou seja, desde 2018 que a comunidade científica encontra uma fraca quantidade de material necessário para o desenvolvimento de planetas.
No rasto dos “planetas bebés”
Sabe-se que a formação destes astros ocorre em estrelas que nascem a partir de nuvens de gás e poeiras. Nas fases iniciais do seu desenvolvimento, forma-se depois um disco muito fino de matéria ao seu redor. Dentro desse disco, grãos de areia vão-se acumulando em núcleos planetários, suficientemente grandes para atrair cada vez mais gases e poeiras, através da gravidade. Deste modo, é possível que ocorra a formação dos corpos celestes.
Segundo os cientistas, para descobrir a quantidade de material necessária ao desenvolvimento dos astros, é necessário pesar os discos em torno das estrelas mais jovens. Como quem diz, as que somam entre 1 e 3 milhões de anos. Só que, até agora, os astrónomos limitaram-se a examinar o desenvolvimento dos planetas numa fase já muito avançada. E nesse momento grande parte da matéria já tinha sido absorvida.
Porém, tem sido também muito difícil observar a formação dos planetas, porque tanto a estrela como o disco à sua volta irradiam demasiado brilho. Segundo Lukasz Tychoniec, estudante no Observatório de Leiden, para se conseguir observá-los é necessário, então, “procurar por massa perdida”. Ao medir a quantidade total de luz infravermelha emitida pelos discos, é possível, também, estimar a quantidade de poeiras e, assim sendo, a sua massa.
Agora, este estudo, publicado na Astronomy and Astrophysics, concluiu que os discos formados recentemente contêm mais material do que os discos observados 1 ou 2 milhões de anos após o seu aparecimento. Com a expetativa que esta quantidade de material ajude a explicar a formação de planetas, o foco daqui em diante será analisar as regiões que formam as estrelas em torno das quais os planetas nascem – ao invés de examinar apenas as nuvens moleculares. E, desse modo, prever de forma mais rigorosa a origem dos famosos “planetas bebés”.