“Gritos, gritos, gritos.” É desta forma que Pedro Pereira, 36 anos, resume os seus dias de trabalho nos últimos 18 anos. O assistente operacional de um hospital de Lisboa foi obrigado a habituar-se a ouvir a enfermeira-chefe a chamar a si e aos seus colegas “criados”. “Às tantas, já a conhecia pelo andar e estava sempre atento para, quando ouvisse os seus passos, fugir para outro sítio. Se me cruzasse com ela, era certo de que ia pôr defeitos no meu trabalho”, conta.
Era habitual ser-lhe pedido para desempenhar tarefas que não lhe competiam ou mesmo para fazer recados pessoais. “Uma vez, cheguei ao hospital às oito da manhã, ela veio ter comigo toda simpática e pediu-me para lhe levar os sapatos ao sapateiro, porque tinha partido os saltos. Andei à procura de um sapateiro pela cidade inteira e, quando voltei, ela ainda me acusou de ter demorado muito”, recorda. As ameaças de despedimento ou de processos disciplinares eram constantes. E o desgaste foi-se acumulando. “Ela chamava-me ‘burro’, mas as outras pessoas elogiavam o meu trabalho. Tinha uma boa autoestima fora do hospital, mas lá dentro sentia-me espezinhado”, confessa.
Já tinha apresentado várias queixas à administração, mas a gota de água aconteceu em plena pandemia, quando Pedro Pereira pediu autorização para faltar no sentido de acompanhar um familiar que ia ser operado. Apesar de ter autorização da hierarquia superior, a enfermeira-chefe quis instaurar-lhe um processo disciplinar por abandono do posto de trabalho. “O que me valeu foi eu ter a autorização por escrito”, diz, aliviado.
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