“Branco é, acima de tudo, respeito. Branco é o renascimento, a luz depois da escuridão, a soma de todas as cores. Branco é o uniforme daqueles que salvaram vidas enquanto se arriscavam. É tempo e espaço para pensar. É para ficar em silêncio também. Branco é para as pessoas que estão a preencher esse tempo e espaço com ideias, pensamentos, histórias, versos, música e bondade para com os outros “. Foi desta forma que o editor-chefe da Vogue Itália, Emanuele Farneti, justificou a decisão ousada de, pela primeira vez na história da publicação, apresentar uma capa completamente branca da autoria do diretor criativo da revista, Ferdinando Verderi.
“Falar de qualquer outra coisa – enquanto as pessoas estão a morrer, médicos e enfermeiros estão a arriscar as suas vidas e o mundo está a mudar para sempre – não é o ADN da Vogue Itália”, explicou Emanuele Farteni num comunicado publicado ontem na sua página de Instagram.
Apesar do momento particularmente difícil, a nova edição de abril – que chegou quinta-feira às bancas – traz muitas novidades. Para além da capa, o que está no interior é também muito especial. Mais de 40 artistas, fotógrafos, estilistas e modelos que colaboram habitualmente com a revista foram desafiados a lançar um novo olhar sobre o mundo da moda, num tempo em que todos estão confinados ao espaço da sua própria casa. E, aparentemente, ninguém parece ter faltado à chamada: desde conhecidos artistas e fotógrafos de moda como Steven Klein, David Sims, a dupla Mert Alas e Marcus Piggott, Collier Schorr, Glen Luchford, Paolo Roversi , Petra Collins, Willy Vanderperre, Olivier Rizzo e Lindsey Wixson, Joe McKenna até sonantes nomes que pisam as grandes passerelles da semana da moda de Nova Iorque, Paris ou Milão como são exemplo as irmãs Bella e Gigi Hadid. Todos contribuíram para a edição deste mês com fotografias tiradas em casa junto dos seus familiares ou com amigos reunidos online.
Como a quarentena pode significar para muitos uma excelente oportunidade para desfiar os limites da criatividade foram também vários os estilistas que aceitaram juntar-se a esta edição com esboços criados em casa, durante o período de isolamento – são exemplo a diretora criativa da Dior, Maria Grazie Chiuri, Miucci Prada, o diretor da Valentino, Pierpaolo Piccioli, o diretor da Gucci, Alessandro Michele, Donatella Versace, Michael Kors e Stella McCartney. Além disso, os diretores criativos da Valentino e Gucci descreveram em exclusivo como estão a desenvolver o processo criativo a partir de casa
Esta é com certeza uma edição que vai ficar na história da revista e, para sempre, marcada na história do país como um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19. Nesta altura são já mais de 135 mil infetados e 17 mil mortes.
“Acima de tudo: o branco não se rende, é uma folha em branco à espera de ser escrita, a página de rosto de uma nova história que está prestes a começar”.