Enfermeira numa unidade de cuidados intensivos, trabalha diariamente com doentes críticos – e é isso que ela conta, sem meias palavras, no post que num piscar de olhos se tornou viral. Carmen Garcia, 32 anos, mãe de dois filhos, ganhou popularidade quando criou o blogue chamado A Mãe Imperfeita – ao que se seguiu o livro Os 10 Mandamentos da Mãe Imperfeita – e que surgiu na sequência dos conselhos que acabou a ouvir, depois do nascimento dos dois filhos. “Estava cansada do lado cor-de-rosa da maternidade”, apregoou, explicando, nas várias entrevistas que deu, entretanto, que “o importante era as mulheres sentirem que não estão sozinhas.”
Mas se foi a maternidade que a levou ao blogue d’ A Mãe Imperfeita, foi a sua experiência profissional que a levou ao post de que todos falam, num tom de quem lamenta que se esteja “a discutir o direito de morrer com gente que nunca viu sofrimento sem ser em filmes” e que acha que “com cuidados paliativos tudo se resolve.”
Mais: “Atrás das secretárias ou dos ecrãs de computador, lá onde não chega o cheiro da morte e onde não se ouvem os gritos das dores que a morfina não resolve, é fácil opinar.” Em quatro parágrafos, em que as palavras duras têm todas as letras, a enfermeira-mãe-imperfeita Carmen diz ainda que “Difícil é estar lá, dar a mão a essas pessoas e dizer-lhes que, mesmo contra a sua vontade, terão que continuar a sofrer. Porque alguém decidiu por elas sobre a sua própria vida.” E remata que nunca esquecerá a doente que jazia na cama num lamento interminável a pedir “deixem-me morrer.”
Eis o post completo. Menos de uma semana depois de ter sido publicado já tem mais milhares de likes e de partilhas. É obra.