Antonia Groneberg, 31 anos, sempre teve dois amores: a dança e a ciência. Portanto, o concurso Dance Your PhD, que convida cientistas de todo o mundo a explicar a sua tese de doutoramento através da mais simples das linguagens, a dança, foi feito para ela. Promovido pela respeitada revista Science, o desafio não deixa de ser sério.
O objetivo é conseguir explicar conceitos da Física, Química, Biologia e das Ciências Sociais através de passos de dança. O vídeo vencedor, produzido e coreografado por uma equipa de cientistas da Fundação Champalimaud, a partir da tese de doutoramento de Antonia Groneberg, explica a forma como as experiências sociais do início da vida moldam o comportamento dos peixes-zebra. E, por mais estranho que pareça, a coreografia, que envolveu investigadores e também crianças seus familiares, explica bem o impacto que têm as vivências durante a fase larvar na forma como se relacionam em adultos, bem como o impacto destas no cérebro.
Segundo o júri, que lhe atribuiu o primeiro prémio na categoria de Ciências Sociais e ainda o prémio principal, “a coreografia inspirada nas larvas de peixe-zebra junta dança e ciência para produzir uma obra de arte esteticamente impressionante e intelectualmente profunda.” Curiosamente, ainda antes de ter vencido o prémio, anunciado esta sexta-feira, 14, já o vídeo tinha atingido milhares de partilhas no YouTube. “Eu ainda nem tinha publicado os resultados do meu trabalho de doutoramento e estes já eram conhecidos, através do vídeo”, ri-se.
Desde os seis anos que Antonia Groneberg, alemã, pratica dança. Quando veio para Lisboa, fazer o doutoramento, chegou mesmo a promover uma aula de dança na Fundação. Hoje, de regresso à Alemanha, continua a sua investigação acerca do comportamento do peixe-zebra, um bom animal modelo por ter o corpo transparente, o que permite ver com muita facilidade o seu interior e estudar estruturas normalmente inacessíveis, como os neurónios.
Apesar de cada pessoa só poder participar uma vez neste concurso, Antonia admitiu que já está a pensar convencer algum colega da Universidade Charité, em Berlim, a concorrer.
Mesmo que não tenha sido referido pelo júri, é natural que a luz de Lisboa e o Tejo, colado ao anfiteatro exterior da Fundação, também tenham contribuído para este prémio.