A vida está cada vez mais facilitada para os ladrões. O alerta é deixado pelos autores de um estudo conjunto da Universidade de Chicago e da Universidade da Califórnia, que comprova a facilidade com que é possível medir a partir do exterior a força dos sinais wi-fi emitidos pelos vários dispositivos ligados numa casa e transformar esses sinais em detetores de movimento.
Basta estar na rua com um receptor wi-fi pequeno – que os cientistas referem ser de compra fácil em qualquer loja da especialidade, por menos de 20 euros – para monitorizar de forma bastante fiável a atividade no interior de um edifício.
“É o que chamamos ataque de vigilância silenciosa”, referem os professores de Ciência de Computação, especialista em redes, segurança e tecnologias sem fios. “Não se trata apenas da privacidade de cada um, poderá estar também em causa a segurança física” de milhares de cidadãos, explicam. É como se os sinais wi-fi dessem uma visão raio X aos atacantes, que assim conseguem “ver” através das paredes e detetar a movimentação de humanos.
Isto sucede porque os dispositivos ligados transmitem regularmente sinais para um ponto de acesso (um dispositivo de hardware, como um router) e, quando uma pessoa anda nas proximidades de qualquer dispositivo, o sinal altera-se subtilmente. Essa perturbação pode ser detetada por um recetor wi-fi nas proximidades, permitindo a um observador saber se uma pessoa (ou animal de grande porte) está numa determina divisão, com uma precisão muito elevada.

Créditos: Dong Wenjie/Getty Images
Créditos: Dong Wenjie/Getty Images
Com cada vez mais dispositivos online, com o desenvolvimento da Internet das Coisas, importa perceber como poderemos proteger-nos de “espiões” mal intencionados.
Uma proteção eficaz seria isolar os edifícios de forma a filtrarem os sinais wi-fi, mas isso também impediria a entrada de sinais desejáveis, como os enviados para os telemóveis.
Estes cientistas propõem uma alternativa simples, em que os pontos de acesso passam a emitir um “sinal de cobertura” que se mistura com os sinais dos dispositivos ligados, produzindo dados falsos que confundem os hackers. “O que quem está a espiar vai ver é que há sempre pessoas, passa a haver muito ruído e deixa de ser possível dizer se há uma pessoa real lá ou não”, explicam.
No final do estudo, os investigadores dizem esperar que os fabricantes de routers passem a introduzir esta proteção em modelos futuros. “Esta opção de segurança sacrifica um pouco da largura de banda disponível, mas garante a privacidade dos utilizadores.”
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