A obesidade é considerada pelos psicólogos da BPS (acrónimo inglês para Sociedade Britânica de Psicologia) um reflexo do ambiente, das normas e do contexto social e cultural em que a pessoa vive, além de ser influenciada por fatores fisiológicos. Segundo a associação, foram feitos mais de cem estudos com famílias, e a conclusão é de que entre 50 e 90% das diferenças de peso entre pessoas podem ser explicadas por influências genéticas.
O stresse é também um forte contribuinte para a obesidade. A exposição ao stresse através de insegurança financeira, problemas pessoais ou profissionais tem impacto no indivíduo e aumenta o risco de ganho excessivo de peso. Os psicólogos defendem que as emoções e o peso estão interligados, sendo que indivíduos com saúde mental debilitada apresentam níveis de obesidade superiores a pessoas com saúde mental estável.
As preferências alimentares são também um fator importante, de acordo com o relatório, pois têm um papel determinante no que as pessoas consomem. São em grande parte influenciadas pela frequência com que a exposição a determinados alimentos é feita, sendo que as pessoas tendem a escolhar alimentos com os quais estão mais familiarizadas.
A publicidade entra aqui como fator decisivo, dado o alcance que tem e o impacto que gera em quem assiste. “A publicidade de alimentos afeta desproporcionalmente crianças e influencia as suas preferências alimentares, o consumo e a fidelidade à marca, o que pode debilitar os esforços dos pais para darem aos seus filhos alimentos saudáveis”, afirma o relatório da BPS.
O estudo aborda ainda o estigma e a vergonha que as pessoas sentem relativamente à gordura, sendo que muita gente escolhe embaraçar pessoas com obesidade pelo seu aspeto físico. “Ser estigmatizado é uma fonte de stress. Pode levar a sentimentos de angústia, vergonha, culpa e fracasso. Uma maneira de lidar com esse stresse é usar comida para distrair, acalmar ou anestesiar sentimentos desconfortáveis.”
O estigma revela vir não só de familiares, amigos ou conhecidos, como também de profissionais de saúde. Verificou-se que pessoas com obesidade são mais rapidamente “despachadas” nas consultas e realizam menos intervenções médicas devido à convicção de que o problema é falta de controlo, preguiça e falta de força de vontade. Essa mesma ideia feita leva os próprios indivíduos a consumir mais, como refúgio e procura de conforto.
Segundo um estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, de 2015, 39% da população adulta portuguesa (entre os 25-74 anos) tem excesso de peso e 29% sofre mesmo de obesidade.