Embora a maioria das catástrofes naturais chame pouco à atenção da imprensa internacional, estes fenómenos são cada vez mais frequentes. Segundo a Organização das Nações Unidas, atingimos uma média de um desastre natural por semana, um ritmo alarmante.
Muitos dos desastres de menor impacto seriam evitáveis se as pessoas tivessem avisos antecipados de mau tempo, melhores infraestruturas, como proteções contra cheias ou acesso à água em caso de seca, e os governos tivessem mais consciência de quais áreas eram mais vulneráveis.
Mami Mizutori, representante do Secretário-Geral da ONU para a redução do risco de desastres, considera que o problema das alterações climáticas já não é uma questão a longo prazo, porque está a acontecer agora, e mais rapidamente do que estava previsto. “Isto não é acerca do futuro, isto é sobre hoje”, “precisamos ter uma visão mais holística dos riscos”, afirma.
As estimativas apontam para um gasto de cerca de 520 mil milhões de dólares (463 mil milhões de euros) anuais, com os efeitos de desastres naturais. Contudo, apenas 2,7 biliões (2,4 biliões de euros) serão destinados à construção de infraestruturas resistentes aos efeitos do aquecimento global, no total, durante os próximos vinte anos. “Isso não é muito dinheiro [no contexto dos gastos com infraestruturas], mas os investidores não têm feito o suficiente”, afirma Mizutori.
“As pessoas precisam de falar mais sobre adaptação e resiliência”, “os regulamentos e normas de construção também devem ser atualizados para a crise climática e devidamente aplicados”. Isso significaria normalizar os padrões de novas infraestruturas, como habitação, redes rodoviárias e ferroviárias, fábricas, redes de abastecimento de energia e água, de modo a que fossem menos vulneráveis aos efeitos das inundações, secas, tempestades e condições meteorológicas extremas.
“Falamos de uma emergência climática e de uma crise climática, mas se não conseguirmos enfrentar esta [questão da adaptação aos efeitos] não sobreviveremos”, “precisamos de olhar para os riscos de não investir em resiliência”. Para isso, considera que as “soluções [devem ser] baseadas na natureza”, com pântanos, florestas e zonas húmidas, que poderiam formar barreiras naturais às inundações.