“O produto está caro”, queixa-se quem deambula pelos mercados da cidade da Beira. Inevitavelmente, são escassos os cereais e os vegetais que se encontram à venda.
Afinal, a devastação causada pelo ciclone Idai destruiu mais de 500 mil hectares de plantações agrícolas – sobretudo de milho – numa altura em que faltavam poucas semanas para o início das colheitas. Só as províncias de Manica e Sofala, duas das mais afetadas, são responsáveis por um quarto da produção nacional de cereais. Além disso, também vários armazéns comerciais ficaram destruídos e perderam toda a mercadoria.
Os tomates custam, agora, cinco vezes mais do que na semana passada. Um saco de 25 quilogramas da indispensável farinha de milho passou de 425 meticais (€5,87) para uns estratosféricos 1150 (€15,89).
Também o arroz, fundamental na gastronomia local, subiu de 800 para 1200 meticais (€16,67), um saco de 25 quilogramas.
Em sentido contrário, produtos que precisam de refrigeração, como o frango e o peixe congelado, desceram de preço. Sem eletricidade, ou eram comprados e consumidos no imediato ou não resistiam ao calor.
A falta de energia também conduziu ao aumento do preço do carvão. Um saco de 20 quilogramas rondava os 200 ou 300 meticais, mas já há quem esteja a vendê-lo a 800 (€11,11). O preço das pilhas e das velas chegou a duplicar.
Os materiais de construção estão igualmente mais caros devido a este misto de aumento da procura e especulação – cerca de 90 mil habitações foram arrasadas.
Antes, um bloco de cimento custava 2 meticais (€0,03). Agora, são 3,5. Já as chapas de zinco, muito utilizadas nos telhados, passaram de 800 para 1600 meticais (€22,23).
O salário mínimo mais baixo de Moçambique é o dos pescadores de ‘kapenta’, um peixe de águas interiores, que não vai além dos 4 063 meticais (€54). Já os trabalhadores do setor da agricultura, pecuária, caça e florestas recebem 4 150 meticais (€55,3).
No extremo oposto, o salário mínimo mais elevado do país é o dos serviços financeiros, banca e seguros, fixado nos 11 987 meticais (€159).
Com a progressiva abertura das vias terrestres alguns preços já começaram a baixar, mas sem regressarem totalmente aos valores anteriores às cheias.
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