Depois de Donald Trump ter rasgado o acordo nuclear com o Irão e aumentado exponencialmente as taxas alfandegárias de alguns produtos chineses começaram a aparecer em força ciberataques de piratas informáticos desses dois países. Os alvos são empresas e instituições governamentais e têm como objetivo roubar segredos militares e comerciais – nomeadamente companhias que fornecem material bélico e empresas ligadas à tecnologia. Entre elas estão, segundo fontes ligadas às agências de informação citadas pelo The New York Times, a Boeing, a General Electric Aviation e a T-Mobile.
Os ataques vindos do Golfo Pérsico estavam um pouco adormecidos desde 2015, altura em que foi assinado com o Irão, e pelo, então, presidente Barack Obama o acordo sobre o controlo de armas nucleares que teve, também, a subscrição de outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha. Mas, desde que Trump riscou o nome dos EUA do documento, ressurgiu a espionagem industrial. E, segundo os americanos, os ataques iranianos são mais do que aqueles do que os relatados anteriormente e coincidiram no tempo com a nova ofensiva chinesa.
Só no mês passado, cerca de seis agências federais foram “assaltadas” por hackers iranianos que exploraram as fraquezas da internet.
Mas não foram só os EUA que estiveram na mira. Doze países europeus também sofreram ataques às empresas dos governos, de telecomunicações e de prestadores de internet, num total de 80 alvos diferentes, segundo os peritos de segurança da FireEye.
Este round de ciberataques é, segundo os especialistas da mesma empresa, mais difícil de apanhar dado que os hackers não “assaltam” diretamente as vítimas, fazem-no pela interceção do tráfego gerado através do núcleo central da internet. Ou seja, assim que captam tráfego da empresa que pretendem usam identificações e palavras-passe roubadas para ter acesso aos e-mails das suas vítimas.
No que diz respeito à China, e se antes os hackers atuavam a mando das Forças Armadas, agora, segundo os EUA, fazem-no comandados pelo gabinete do Ministério de Segurança do Estado.
Os investigadores de segurança referem que estes ataques servem para manter em movimento o plano económico chinês de, em cinco ano, liderar no plano das novas tecnologias, incluindo na inteligência artificial.
“Alguns dos ataques foram para fins militares ou para se prepararem para algum tipo de conflito cibernético no futuro, mas muitos dos roubos recentes foram impulsionado pelas exigências do plano quinquenal referente a estratégias tecnológicas”, explica, ao The New York Times, Adam Segal, diretor do programa dos EUA relativo ao ciberespaço.
Muitos dos ataques do Ministério de Segurança do Estado chinês foram contra alvos estratégicos, como fornecedores do serviço de internet, que têm acesso a centenas de milhares, senão milhões, de redes empresariais e governamentais.