Do ADN extraído de 40 amostras de solo recolhidas a partir de oito locais do arquipélago de Svalbard, um dos locais mais remotos do planeta, os investigadores encontraram um total de 131 genes resistentes aos antibióticos.
Em causa estão genes que foram identificados pela primeira vez em 2007, num doente internado num hospital da Índia. Em 2010, apareceram nas águas de Deli, acredita-se que através dos esgotos e, agora, no círculo ártico, como explica o estudo publicado no Environment International. Os investigadores acreditam que lá chegou através das aves migratórias ou de visitantes humanos.
No entanto, apesar de o gene blaNDM-1 ter sido encontrado em mais de 60% das amostras de solo de Svalbard, não foi detetada a presença de superbactérias.
A descoberta, numa região tão remota, faz os investigadores olhar para as formas como a resistência aos antibióticos se espalha.
“O que os humanos fizeram ao usar antibióticos em excesso foi acelerar a taxa de evolução, criando estirpes resistentes que nunca tinham existido”, explica David Graham, da Universidade de Newcastle, que liderou a investigação.
Os avisos têm sido sucessivos, com um dos mais dramáticos a vir um relatório do Public Health England no final do ano passado, alertando que o aumento das infeções resistentes a antibióticos pode precipitar medicina numa nova “idade das trevas”. Estima-se que, em 2050, a resistência aos antibióticos seja responsável por 10 milhões de mortes por ano.