Bohemian Rhapsody demorou oito anos a ser feito. Pelo meio, houve desentendimentos vários entre realizadores, produtores, elementos da banda e atores. Até Rami Malek vestir a pele de Freddie Mercury, em 2016, outros dois atores já tinham passado pela ficha técnica do filme, Sacha Boren Cohen e Ben Whishaw.
Se levou muito tempo até chegar às salas de cinema, não levou quase nada a fazer sucesso. Até nos locais mais “insuspeitos” como a Coreia do Sul e o Japão.
Os coreanos estão em segundo lugar no box-office mundial, apenas atrás dos EUA. As receitas somam 72 milhões de dólares (cerca de 63,4 milhões de euros), ultrapassando mesmo o Reino Unido, o país de origem do filme, onde foram gastos 59 milhões de dólares (52 milhões de euros) nas bilheteiras. O quarto lugar vai para o Japão com 55 milhões de dólares (48 milhões de euros).
Na Coreia do Sul, com uma população de 51 milhões de pessoas, foram vendidos, desde a estreia no início de novembro, 9,4 milhões de bilhetes e a “Queenomania” tomou conta do país. Diversos eventos paralelos, como exposições de fotografias do fotógrafo oficial da banda de rock e um tournée de tributo dos britânicos The Bohemians, têm levado o público à loucura. Mesmo entre os mais jovens, que nem sequer eram nascidos quando Freddie Mercury morreu, em 1991.
As músicas dos Queen passaram a fazer parte dos anúncios televisivos da Coreia do Sul e a estar presentes nos reality shows, conta o correspondente do Washington Post. Um das maiores televisões até passou o mítico concerto dos Queen no Live Aid, em 1985.
No Japão, o sucesso é semelhante. Além das discussões de café sobre as cenas preferidas do filme, os espectadores foram autorizados a levantar-se para dançar e cantar nas salas de cinema. Contraste absoluto com o silêncio sepulcral que faz parte da cultura nipónica no momento de assistir um filme e que se prolonga até acabarem os créditos finais. Há quem tenha visto Bohemian Rhapsody duas ou mais vezes e tenha confessado estar “viciado” nas canções dos Queen. Um dos maiores jornais publicou um artigo com os “três truques” para cantar como Freddie nos bares de karaoke: abrir a boca na vertical, usar o abdómen para respirar e não esquecer de pôr um pouco de vibrato e levantar o punho enquanto se canta.
Há relatos de pais que recomendam o filme aos filhos e outros que os acompanham ao cinema. O primeiro-ministro foi vê-lo no primeiro dia de 2019 e disse era “bom”.
Em Portugal, segundo os dados do ICA – Instituto do Cinema e Audiovisual, Bohemian Rhapsody foi o segundo filme mais visto de 2018 (até 26 de dezembro), a seguir ao de animação The Incredibles 2: Os Super-Heróis. Em 57 dias de exibição e 11 234 sessões o biópico teve 448 957 espectadores.