Mais de 80 mil lisboetas acima dos 65 anos vivem hoje numa situação de isolamento, absolutamente sozinhas ou com alguém da mesma faixa etária – um flagelo social que continua a crescer. Mas a grande dificuldade é identificar cada caso. Daí que tenha surgido a ideia de pôr todos os cidadãos em alerta. É essa a base do projeto Radar, uma iniciativa que junta a Câmara Municipal de Lisboa, a Santa Casa da Misericórdia, o Instituto de Segurança Social e a PSP, entre outras entidades sociais e de saúde.
“Qualquer pessoa pode ser um radar”, explica à VISÃO o provedor da Santa Casa, Edmundo Martinho. “Por exemplo, imagine-se que há alguém que todos os dias vai tomar café ao mesmo sítio. Se a pessoa deixar de aparecer, outras pessoas da comunidade podem dar o alerta, entrando em contacto connosco.” Para ajudar à comunicação, o projeto (que faz parte de um programa mais vasto, o “Lisboa, cidade de todas as idades”) conta com uma plataforma de recolha de informação, além de estar a ser ultimada uma aplicação para smartphones.
O Radar vai começar numa experiência-piloto a 7 de janeiro em três freguesias (Olivais, Areeiro e Ajuda), para depois alargar às restantes freguesias da cidade. “Demos formação a 10 técnicos, licenciados, que vão andar nas ruas a sinalizar as pessoas e a dar-lhes a possibilidade de se identificarem, no âmbito do projeto”, diz o provedor. “Há muitas situações de solidão e isolamento, com carências ao nível da saúde, alimentação e higiene, que têm de ser acompanhadas.”