A bloguer de viagens que foi a primeira pessoa a avistar o triste espetáculo das cerca de 150 baleias que deram à costa numa praia remota da Nova Zelândia relata que estava com um amigo quando se deparou com a cena que nunca vai esquecer.
Quando se aperceberam que não se tratava de um grupo de focas ou leões marinhos a brincar junto à costa, como pensaram inicialmente, os dois “largaram tudo e começaram a correr” e ainda tentaram empurrar e puxar os animais para dentro de água, mas sem sucesso.
À CNN, Liz Carlson relata que o tamanho e o peso das baleias fizeram com que o seu esforço fosse em vão: “Eram tão grandes e tão pesadas e tantas. Algumas tinham talvez uns 5 a 6 metros de comprimento e mesmo as crias tinham mais de um metro e eram todas muito pesadas.”
“Na verdade, foi bastante perigoso, porque elas mexiam-se muito e ainda levei umas boas pancadas antes de percebermos que era impossível conseguirmos pô-las na água”, recorda. A única coisa a fazer era chamar ajuda e foi o que fez o amigo, Julian Ripoll, que depois de uma caminhada de 15 quilómetros chegou ao posto do Departamento de Conservação (DOC). Mas as autoridades deparam-se com a mesma dificuldade. Quando chegaram ao local, no dia seguinte, pela manhã, metade dos animais já tinha morrido, mas os restantes foram abatidos, na sequência de “uma decisão de partir o coração”.
“Infelizmente, a probabilidade de conseguir devolver ao mar as restantes baleias era extremamente baixa”, lamenta Ren Leppens do Departamento de Conservação (DOC) da Nova Zelândia. Em comunicado, o organismo justificou que a “localização remota, a falta de pessoal nas imediações e a deterioração do estado das baleias levaram a que a coisa mais humana a fazer fosse a eutanásia”.
Carlson conta que ficou com as baleias-piloto até anoitecer e que esses momentos em que ficou sozinha com os animais foram desesperantes. “Tentei arrastar [para a água] uma baleia bebé umas quantas vezes. Tentei três vezes, mas voltava sempre à praia.” “Depois compreendi o desespero daquilo tudo e comecei a gritar e a chorar. Fiquei com elas, a tocar-lhes nas suas cabeças e a olhar para elas, e atirar-lhes água e a pedir-lhes desculpa”, recorda.
No Instagram, a bloguer acrescenta que foi a “pior noite” da sua vida e garante que nunca vai esquecer as vocalizações dos animais. “O meu coração ficou completamente partido.”
Apesar da relativa frequência com que baleias dão à costa na Nova Zelândia – cerca de 85 por ano – normalmente trata-se apenas de um animal e não de um grupo numeroso.
Doença, descida da maré, fuga de um predador, falha de orientação são algumas razões que se julga poderem estar por detrás destes casos, tanto com baleias como de golfinhos.