“É uma história muito triste”. É assim que Ausrine Areskeviciute, uma das médicas que acompanhou com o caso, o descreve ao The Times. Vinte anos da morte do marido, com Creutzfeldt-Jakob, a variante humana da encefalopatia espongiforme bovina (BSE ou doença das vacas loucas), foi a vez de a paciente, que não é identificada no estudo publicado no Journal of Neuropathology & Experimental Neurology, morrer pela mesma causa.
A doença não é transmitida entre humanos, pelo que o caso intrigou os médicos, que o descrevem como “extraordinário e desafiador”, até surgir a ideia, que os especialistas acreditam ser a explicação: a forma esporádica da Creutzfeldt-Jakob tinha-lhe sido passada pelo filho, quando estava grávida. Este, por sua vez, agora com 53 anos e a mostrar agora sintomas da doença, terá herdado do pai o gene com a mutação responsável pela doença, que provoca danos cerebrais irreversíveis graças à destruição das células por um tipo de proteínas anormais, os priões.
Os médicos do centro do Hospital Universitário de Copenhaga que se dedica ao estudo das doenças priónicas pensam que as células do feto que continham as protéinas tóxicas passaram através da placenta para a corrente sanguínea da mãe, antes de se alojarem no seu cérebro.
“Já se sabe que quando uma mulher está grávida, células do bebé passam pela placenta e viajam pelo seu corpo, hospedando-se em vários órgãos”, explica Ausrine Areskeviciute. “Contudo, neste caso, o feto era portador da mutação”, continua, o que deverá ter desencadeado o processo que levaria à morte da dinamarquesa, décadas mais tarde.