As restrições impostas em 2001, na Convenção de Estocolmo, relativamente à produção e uso de Poluentes Orgânicos Persistentes, que mataram e provocaram doenças a muitos animais no Ártico, parecem estar a ter um efeito positivo.
Num novo estudo publicado pela revista científica Science of the Total Environment, os investigadores afirmam que os níveis dessas substâncias tóxicas, como é o caso dos pesticidas DDT, estão a diminuir gradualmente nesta região, desde as proibições acordadas no tratado internacional.
Estes poluentes químicos eram normalmente utilizados para fins industriais e para a agricultura e, por resistirem à degradação química, fotolítica e biológica, provocavam um impacto muito negativo em vários ecossistemas presentes no Ártico.
O que acontece é que esses produtos vão passando de espécie para espécie, de acordo com a cadeia alimentar: o plâncton que contém essas substâncias tóxicas serve de alimento aos peixes, que são comidos por aves, ursos e baleias, e, por isso, todos estes animais vão ficam contaminados.
Mas também para os humanos a exposição a estes poluentes é prejudicial, já que os povos indígenas das regiões polares consomem animais com altas concentrações destes químicos.
De forma a perceberem como é que os níveis destes poluentes se alteraram ao longo destes quase 20 anos, os investigadores utilizaram amostras de gordura retiradas de moluscos e aves marinhas dos anos 80. Além disso, analisaram a qualidade do ar no Círculo Polar Ártico de maneira a detetar os níveis de poluição. Apesar de serem substâncias que permanecem muito tempo nos ecossistemas, observou-se que têm diminuído de forma gradual.
“A redução do uso de Poluentes Orgânicos Persistentes refletiu-se na diminuição das suas concentrações no meio ambiente”, afirma John Kucklick, biólogo do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, em Maryland, EUA, e um dos autores do estudo.
A diminuição mais considerável que se detetou foi do pesticida Lindano, que teve uma queda de 9% em cada ano, no Ártico. Mas, apesar destes resultados, os cientistas alertam para o facto de alguns de ter havido aumentos de concentração de alguns dos produtos tóxicos durante o período da investigação e que, por isos, muitos outros vão precisar de ser proibidos nos próximos anos.