Os portugueses estão mais conscientes dos problemas ambientais, mas não sabem como reduzir a quantidade de lixo que produzem ou como separar para a reciclagem, alertou hoje a associação ambientalista Quercus, defendendo ser indispensável mais informação.
A associação salienta que o Relatório do Estado do Ambiente (REA), hoje divulgado, vem mostrar que os consumidores “estão mais conscientes dos problemas ambientais que os rodeiam, mas ainda muito aquém de práticas quotidianas” que permitam uma alteração nos paradigmas ambientais na separação e reciclagem dos resíduos.
“Os portugueses não o fazem porque não sabem, não sabem como reduzir, não sabem como separar e não sabem a diferença entre o que é biodegradável e reciclável, não sabem o que acontece depois de colocarem o lixo no contentor”, salienta a Quercus, em comunicado a assinalar o Dia Mundial do Ambiente que hoje se assinala.
Por isso, os ambientalistas defendem ser preciso mais informação e mais esclarecimento, para ajudar os portugueses “a dar o passo em frente” e melhorar o desempenho ambiental, poupar o ambiente e concretizar a economia circular.
Portugal tem sentido os efeitos dos problemas nesta área, com “quantidades elevadas de lixo para tratar e descargas ilegais”, segundo a Quercus.
Cada cidadão em Portugal continental produziu 1,32 quilogramas de resíduos por dia, em 2017, totalizando 4,75 milhões de toneladas, mais 2,3% que no ano anterior, e do total de resíduos urbanos recolhidos, 83,5% tiveram origem em recolha indiferenciada.
A meta para Portugal cumprir e da qual “está longe” é de reduzir a produção de resíduos em 10% até 2020.
No ano passado, a deposição de resíduos urbanos biodegradáveis em aterro aumentou para 43%, mais dois pontos percentuais que em 2016, quando o objetivo é depositar apenas 10% em 2025.
Quanto à reciclagem, está nos 38% apesar dos 50% preconizados para 2020.
Para a Quercus, a educação ambiental deve ser prioridade para Portugal conseguir atingir as metas de 2020.
Durante a sessão de abertura da apresentação do REA, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, apontou a importância da educação ambiental, nomeadamente através da estratégia nacional que, em dois anos e através do Fundo Ambiental, destina três milhões de euros a projetos e ações concretas naquele sentido.
Tanto o ministro como o secretário do Ambiente, igualmente presente na cerimónia, destacaram a importância das decisões de consumo de cada português, apontando que de nada valem as medidas, se os cidadãos não estiverem motivados.
Carlos Martins recordou que as entidades gestoras de fluxos de resíduos têm de encaminhar 5% das suas receitas para educação e informação ambiental.
Mais de 400 milhões de toneladas de plásticos produzidos por ano, só 9% são reciclados
Todos os anos são produzidos mais de 400 milhões de toneladas de plástico no mundo e apenas 9% dos resíduos produzidos são reciclados, alertou a ONU com base num estudo hoje apresentado a propósito do Dia Mundial do Ambiente.
De acordo com o estudo “O uso único de plástico”, apresentado hoje na Índia, 79% dos resíduos plásticos gerados são depositados em aterros ou abandonados no meio ambiente e apenas 9% é reciclado e 12% incinerado.
“Se os padrões de consumo e gestão de resíduos continuarem, até 2050 haverá cerca de 12.000 milhões de sacos de plástico em aterros e no meio ambiente”, refere o relatório, alertando também que, a cada ano, cerca de 13 milhões desses sacos são depositados no oceano.
“O plástico não é o problema, o problema é o que fazemos com ele”, sublinhou hoje Erik Solheim, diretor da ONU Meio Ambiente, durante a apresentação do relatório em Nova Deli.
O relatório é baseado em casos de 60 países que ilustram a complexa relação entre o plástico e a economia. A partir destes, a organização apresentou inúmeras recomendações dirigidas especificamente aos legisladores e líderes mundiais para “repensar como o mundo produz, utiliza e gere plásticos de uso único”.
As recomendações sugeridas incluem melhorar a gestão de resíduos, promover alternativas ecológicas, educar os consumidores ou implementar proibições para determinados usos de plásticos.
Em 2015 os sacos de plástico foram responsáveis por cerca de metade dos resíduos deste material, sendo a China o maior gerador deste lixo, embora os Estados Unidos sejam o país com o maior número de resíduos de embalagens de plástico per capita.
Entre as principais conclusões do estudo, a ONU destacou os bons resultados de restrições como as que afetam os sacos de plástico dos supermercados em alguns países e as taxas incluídas.
Mais de 60 países introduziram sanções, proibições ou medidas restritivas contra o plástico.
Apesar disso, estima-se que sejam consumidos 5 biliões de sacos de plásticos por ano em todo o mundo, o que significa quase 10 milhões de sacos de plástico a cada minuto.