O popular ansiolítico administrado no tratamento de perturbações do sistema nervoso, está a ser usado pelos jovens britânicos, a partir dos 13 anos, como forma de combate ao stress, fuga aos problemas ou, simplesmente, para uso recreativo, em “festas de Xanax”. O produto que adquirem tem, no entanto, uma particularidade igualmente preocupante: é contrafeito. E, como se não bastasse para alarmar as autoridades britânicas, a somar aos perigos de consumir um medicamento de contrafação, este é ainda misturado com fentanil, um opiáceo 50 vezes mais forte que a heroína. Esta mistura, que pode ser mortal, é consumida pelos jovens como uma droga recreacional.
O método de aquisição é fácil – Uma mensagem nas redes sociais Facebook e Instagram normalmente é suficiente para obter a dose desejada de Xanax.
“É brincar com a morte, na verdade, porque estas coisas são muito perigosas”, alerta Rosanna O’Connor, diretora da agência do Governo para a saúde pública. “Compram as coisas através da Internet, não têm qualquer garantia do que estão a comprar”, explica, em declarações à BBC, que tem vindo a acompanhar este aumento de casos de jovens viciados em Xanax de contrafação.
“Sinto-me como uma nuvem. Faz-me sentir muito confortável”, refere Kieran – nome fictício – um dos jovens ouvidos. Com o rosto tapado e nome fictício tambén, outro jovem garante que estão “100% conscientes dos riscos”. “Não está certo mas é divertido”, conclui.
A posse, produção e comercialização de Alprazolam, o princípio ativo do Xanax, constitui uma transgressão punível por lei no Reino Unido. A sua posse ilegal corresponde a uma pena de prisão até dois anos, multa ou ambos. No caso da produção e venda, a pena pode chegar aos 14 anos.
O caso mais recente ocorreu na cidade de Brighton and Hove, no sul de Inglaterra, onde seis jovens deram entrada no hospital após o consumo recreativo de Xanax. Mas há muitos mais. Michaela – nome fictício – conta em entrevista à BBC, que graças ao consumo deste medicamento, a filha ficou irreconhecível, tendo-se tornado violenta. Hoje, a filha de Michaela está presa.