Depois de a VISÃO ter revelado o que se passava na Fundação “O Século”, que está a ser investigada por suspeitas de crime de peculato e abuso de poder, e revelado que os membros do Conselho de Administração são maçons, a Grande Loja Legal de Portugal (GLLP), a onde pertencem, fez um comunicado a explicar que poderá vir a ser instaurado um inquérito disciplinar.
«A Grande Loja Legal de Portugal/ Grande Loja Regular de Portugal tem mecanismos internos de ação disciplinar que serão acionados se e quando para tal existam razões que o justifiquem”, garante o Grão-mestre Júlio Meirinhos num comunicado, aproveitando para reafirmar a sua “absoluta e total confiança no sistema judicial do Estado Português, que saberá certamente punir quem deva ser punido e ilibar quem deva ser ilibado”.
Como a VISÃO noticiou na sua edição de 11 de Janeiro, os elementos do Conselho de Administração da Fundação “O Século” são todos “irmãos” maçónicos. O presidente Emanuel Martins pertence à Loja Verney e o seu vice-presidente, João Ferreirinho, frequenta a Loja Afonso Domingues. Já Umberto Pacheco, antigo vereador da Câmara Municipal de Cascais pelo PS, que nos últimos anos foi administrador executivo e não executivo da Fundação (mas que recentemente abandonou o cargo), também é maçon da GLLP.
Os restantes dois administradores não executivos também pertencem à maçonaria. António Dias Baptista foi iniciado no Grande Oriente Lusitano (GOL) e o outro administrador, Armindo Azevedo, que foi adjunto de Isaltino Morais na Câmara de Oeiras, pertence à loja Andersen da GLLP e foi um dos enviados pela obediência a Cabo Verde para ali abrir uma loja maçónica.
Perante as notícias que envolvem estes maçons e suspeitas de irregularidades na gestão da Instituição Particular de Solidariedade Social, que todos os anos recebe apoios e subsídios do Estado, Júlio Meirinhos, aproveita para “reafirmar que a Maçonaria se baseia no escrupuloso cumprimento das leis de Estado como aliás vem expresso na sua Constituição, no artigo 10º e em inúmeros juramentos prestados pelos seus membros». E sublinha que “a GLLP não participa nem patrocina a participação em negócios de empresas e associações que lhe são estranhas, dedicando-se apenas ao trabalho maçónico realizado em loja”. O líder dos maçons diz rejeitar, por isso, que a maçonaria seja associada a este tipo de situações, que “afectam o seu bom nome”.
Depois das Raríssimas, este é um novo caso a envolver uma instituição Particular de Solidariedade Social a ser investigada pelo Ministério Público por suspeitas de uso indevido de verbas.