Uma família precisa de tijolos para reconstruir um sítio para viver – afinal, 3,5 milhões de pessoas perderam a casa no terramoto de 25 de abril de 2015, nos Himalaias. Outra família, de um frigorífico. Aqui, há um jovem que precisa de uma bolsa de estudo. Ali, há um orfanato com carência de roupas. E toda a gente pode contribuir para materializar estes sonhos e estas necessidades concretas.
O projeto Dreams of Kathmandu é a mais recente iniciativa de Pedro Queirós para ajudar as vítimas do sismo, que matou cerca de nove mil pessoas e arrasou dezenas de povoações. É, na verdade, a evolução da Associação Obrigado Portugal, que fundou com o seu amigo Lourenço Macedo Santos – ambos encontravam-se em Catmandu no dia do terramoto e logo começaram a pedir e canalizar apoios para suprir as carências imediatas, organizando-se mais tarde e passando a patrocinar um campo de refugiados e a construção de uma aldeia.
Desta vez, o português e a mulher, Ghazal Vaziri (uma iraniana que conheceu durante a sua viagem de mochila às costas que acabaria no Nepal, pouco antes do terramoto), decidiram criar uma plataforma que ajude a encontrar solução para problemas específicos de pessoas e famílias nepalesas. “O objetivo é concretizar sonhos reais de pessoas reais, de modo a que o futuro seja um pouco mais risonho”, descreve Pedro Queirós. “Ao fazê-lo diretamente, sem estruturas nem intermediários, existe a certeza de que os fundos são aplicados em quem realmente precisa. Além disso, não há as habituais despesas administrativas ou de representação tão comuns nas organizações não-governamentais. Todos os donativos dados à Dreams of Kathmandu vão 100% para as pessoas do Nepal.”
O primeiro sonho que a Dreams of Kathmand (criada o mês passado) ajudou a tornar realidade foi a compra de 12 mil tijolos e 450 sacos de cimento para uma família de três pessoas que viviam num abrigo improvisado, feito de velhas chapas de metal.
O segundo passou por adquirir uma motorizada em segunda mão para que Bablu, um jovem de 21 anos, consiga conciliar os estudos universitários, o emprego de oito horas por dia num hotel e ainda a ajuda aos pais no campo e a vender os produtos agrícolas no mercado.
Os projetos a apoiar são encontrados e selecionados com a ajuda da enorme rede de contactos que Pedro foi fazendo no país. “Nos últimos dois anos e meio, após o terramoto e durante a criação do movimento Obrigado Portugal, fiz mais de mil amigos no Nepal”, garante. “E isso também me deu uma grande bagagem para conhecer melhor a situação do país. Agora, através do Dreams of Kathmandu, podemos ajudar de forma mais independente e direta as pessoas que me têm vindo solicitar ajuda. Obviamente que há sempre um grande rigor e responsabilidade nas pessoas escolhidas para ajudar. São amigas, mas têm de ser pessoas que realmente necessitem de auxílio e acima de tudo que esse auxílio possa ter um impacto positivo e sustentável na própria pessoa e nas gerações futuras. Estamos muito entusiasmados e contentes por poder continuar a ajudar desta maneira: olhos nos olhos, sem medo das promessas e sempre a sorrir, a abraçar e tentar fazer as pessoas felizes e sonhar. No fundo, no fundo é isso que nos move e fez criar este projeto.”
A causa pode ser apoiada através da plataforma de crowdfunding Indiegogo e acompanhada pelo Facebook.