Os factos são conhecidos: o juiz desembargador Neto de Moura invocou a Bíblia, o Código Penal de 1886 (que se manteve até 1982) e sociedades que ainda punem a infidelidade da mulher até à morte para atenuar a gravidade dos factos e a culpa do ex-marido. “O adultério da mulher é uma conduta que a sociedade sempre condenou e condena fortemente (e são as mulheres honestas as primeiras a estigmatizar as adúlteras) e por isso vê com alguma compreensão a violência exercida pelo homem traído, vexado e humilhado pela mulher”, plasmou no acórdão também assinado pela magistrada Maria Luísa Arantes, no qual foi mantida a pena suspensa de um ano e três meses de prisão atribuída ao principal acusado.
“Não sou ultramontano e retrógrado. Muito menos sou tolerante com a violência doméstica que continua a ser um grave atentado à condição da mulher e cujas versões são, muitas vezes, desvalorizadas em tribunal”, reagiu Neto de Moura, em declarações à VISÃO. Neste completo perfil para ler na edição da VISÃO que chega hoje às bancas, Neto de Moura, que já foi seminarista, fala sobre a sua educação cristã e diz que se considera um homem de esquerda