Estudos em gémeos idênticos levaram à conclusão de que a inteligência é uma característica que se herda. Cinquenta a oitenta por cento da capacidade intelectual vem inscrita nos genes. No entanto, os estudos populacionais feitos até agora tinham chegado a resultados diferentes, apontando para apenas 30% de peso genético. Ainda ninguém sabia muito bem onde estavam as tais alterações genéticas benéficas que tornavam umas pessoas mais dotadas do que outras.
Agora, um trabalho baseado no grande estudo de genética, conhecido como Generation Scotland, que analisa 20 mil pessoas, chegou a uma conclusão semelhante: 50 a 80% da variação na inteligência é herdada dos pais. Aliás, os genes condicionam mais as capacidades cognitivas do que a estabilidade emocional ou a personalidade, em que o fator genes pesa entre 34 a 48 por cento.
O trabalho da equipa da Universidade de Edimburgo, na Escócia, também ajuda a perceber porque é que ninguém encontrava as mutações da inteligência. Na verdade, o que acontece é que há variações que prejudicam a inteligência. E mais, estas mesmas alterações também são responsáveis por uma saúde mais débil e uma menor esperança de vida.
Claro que o ambiente em que se cresce condiciona o desempenho intelectual. Crianças bem alimentadas, que vivem num ambiente seguro e tranquilo têm melhores resultados em testes de QI, mas o peso dos genes é irrefutável.
Há quem não aprecie muito a tese da inteligência ditada pelos genes. Mas para Rosalind Arden, que estuda esta área na London School of Economics, o problema seria o contrário. “Se as diferenças na inteligência fossem todas devidas ao ambiente em que se cresce, isto seria catastrófico. Desta forma, todas as crianças que vivem em ambientes desfavoráveis seriam menos inteligentes do que aqueles que crescem em lares mais privilegiados, o que tornaria as sociedades ainda mais desiguais”, defende-se num artigo publicado na revista New Scientist.
Claro que a identificação destas mutações que prejudicam a esperteza, além de trazerem problemas de saúde, abrem o caminho à correção destes erros, através de manobras de manipulação genética, como a tecnologia CRISPR, que permite a edição de genes de uma forma rápida e precisa.