Há uma preocupação generalizada sobre o impacto dos videojogos nas crianças. Numa altura em que a popularidade e a qualidade destes jogos continua a aumentar, um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina de Hannover, na Alemanha, realizou um estudo que promete deixar alguns pais mais descansados.
A investigação, liderada por Gregor Szycik, analisou os efeitos a longo prazo dos videojogos e não encontrou nenhuma ligação com alterações nas respostas neurais nas crianças.
O estudo observou 30 participantes (todos do sexo masculino) que nos últimos quatro anos jogaram videojogos de tiro, como Call of Duty e Counterstrike, durante duas horas ou mais, todos os dias. Os participantes foram comparados a outras crianças que não jogavam.
Enquanto eram examinados através de uma ressonância magnética – que media a ativação de zonas específicas do cérebro -, os participantes observaram imagens projetadas com o objetivo de provocar respostas emocionais e empáticas. No final, preencheram um questionário e os resultados revelaram pouca ou nenhuma variação nos níveis de agressividade e empatia entre jogadores e não jogadores.
Apesar do pequeno número de participantes, Gerry Moore, professor de psicoterapia e saúde mental na Universidade da Cidade de Dublin, ouvido pelo The Irish Times, salienta uma particularidade deste estudo: foi pedido às crianças que não jogassem durante um tempo anterior aos testes – a maioria não tinha jogado nas últimas 24, o que significa que não foi tido em conta o impacto imediato de jogar jogos violentos. Outros estudos que encontraram relação entre a violência dos jogos e a violência do comportamento usaram os dados obtidos imediatamente após o jogo. “Ao providenciar este intervalo no tempo, este estudo mostrou que que as crianças poderiam mostrar mais empatia se lhe fosse permitido parar e talvez contar até 10 e dispersar a situação”, considera.
O especialista diz ainda que o nível de empatia das crianças não pode ser determinado exclusivamente pelo tempo que passam a jogar videojogos, por mais violentos que sejam. “As pessoas aprendem a ser empáticas muito cedo. Muitos estudos indicam que a empatia começa a desenvolver-se tão cedo como os estágios pré-verbais da infância – muito antes das crianças começarem a jogar videojogos”, defende.