Março último. Uma petição insurgia-se contra a abertura de uma loja da McDonald’s num edifício pombalino do lisboeta Chiado, perto da histórica Brasileira, à porta do Metro. Dirigida à Câmara de Lisboa e à Assembleia da República, a petição questionava: “Qual a necessidade de três restaurantes McDonald’s num raio de 300 metros? Qual a necessidade de mais uma hamburgueria na cidade?”
Na altura, Catarina Portas, responsável pelas lojas A Vida Portuguesa, escreveu isto na sua página de Facebook, sobre o novo restaurante de fast-food: “Nojo. O Chiado vai deixar de ser especial e vai ser igual a tudo.”
Mas de nada valeram os protestos. No mês seguinte, abril, o contestado McDonald’s do Chiado abria mesmo, com dois pisos e capacidade para 95 pessoas.
Como é diferente o que agora se passa na cidade de Florença, famosa por ser um dos mais impressionantes exemplos da arquitetura gótica e renascentista em Itália. E, pelos vistos, é também zelosa quando se trata de preservar a integridade do seu centro histórico.
A McDonald’s diligenciou para abrir um restaurante numa das joias mais apreciadas de Florença, a Piazza del Duomo. Mas o presidente da Câmara, Dario Nardella, chumbou a pretensão da cadeia de fast-food.
O autarca não o fez autocraticamente. Baseou-se num parecer negativo de técnicos habilitados, e juntou o útil ao agradável: Dario Nardella está igualmente empenhado em preservar os negócios tradicionais no coração de Florença.
A McDonald’s contra-atacou em força. Alegando que está a ser discriminada, a cadeia de fast-food intentou um processo cível contra a autarquia de Florença, pedindo uma indemnização de 20 milhões de dólares (cerca de 18 milhões de euros) pelo que estima ir perder nos próximos 18 anos.
Mas não se pode afirmar que a cadeia de fast-food foi apanhada de surpresa. Dario Nardella já dissera há meses, sobre o assunto, que a “McDonald’s tem o direito de apresentar uma proposta”, e a Câmara a prerrogativa “de dizer ‘não’.” O juiz decidirá.